Por direitos, atingidos trancam entrada da UHE Cana Brava em Goiás
Passados mais de 17 anos das obras, finalizadas em dezembro de 2001, centenas de atingidos ainda não receberam nenhuma compensação da empresa construtora Mais de 250 famílias atingidas pela barragem […]
Publicado 27/08/2018
Passados mais de 17 anos das obras, finalizadas em dezembro de 2001, centenas de atingidos ainda não receberam nenhuma compensação da empresa construtora
Mais de 250 famílias atingidas pela barragem de Cana Brava ocuparam o portão de entrada da UHE na manhã desta segunda (27).
Os atingidos mais uma vez reivindicam os direitos daqueles que não foram reconhecidos pela hidrelétrica, localizada entre os municípios de Minaçu e Cavalcante, estado de Goiás.
Segundo a coordenação do MAB na região, as lutas devem se intensificar no próximo período até que a empresa reconheça os danos causados durante os anos que vem atuando na região.
A Usina Hidrelétrica de Cana Brava, primeira grande barragem construída integralmente por uma empresa privada, está localizada na bacia do rio Tocantins, entre os municípios de Minaçu e Cavalcante, a aproximadamente 250 quilômetros de Brasília. A obra foi construída e implantada pela Companhia Energética Meridional (CEM), subsidiária da Tractebel, multinacional francesa.
Passados mais de 10 anos das obras, finalizadas em dezembro de 2001, centenas de atingidos ainda não receberam nenhuma compensação da empresa construtora e, ainda, tiveram dezenas de outros direitos violados.
A Suez-Tractebel tem sido considerada uma das empresas que comete as maiores violações de direitos das populações atingidas e por isso tem sido alvo de constantes investigações.
O relatório do Painel Independente no Mecanismo de Investigação Independente, de 2006, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), um dos financiadores da obra, confirmou vários equívocos do próprio banco em relação à obra, como a qualidade inadequada da atenção dispensada a grupos vulneráveis, aprovação de plano de reassentamento substancialmente incompleto em áreas cruciais, atenção insuficiente à análise do empobrecimento e à viabilidade econômica e social pós-reassentamento de grupos vulneráveis atingidos, etc.
Em outro relatório, da Comissão Especial, instaurada pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), instaurado entre 2006 à 2010 para analisar denúncias de violação de direitos na construção e implantação de barragens, foram constatados 16 direitos humanos violados na UHE Cana Brava.
Foram constatadas violações dos direitos à informação e à participação, direitos à liberdade de reunião, associação e expressão, direitos ao trabalho e a um padrão digno de vida, direitos de ir e vir, direitos à moradia adequada, direito à educação, direitos à plena reparação das perdas, etc.