Posicionamento do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) sobre a greve dos caminhoneiros
-É inegável que essa greve rompe com o marasmo presente na sociedade brasileira. Ela coloca na rua um problema de alto alcance popular: o aumento abusivo do preço dos combustíveis, […]
Publicado 24/05/2018
-É inegável que essa greve rompe com o marasmo presente na sociedade brasileira. Ela coloca na rua um problema de alto alcance popular: o aumento abusivo do preço dos combustíveis, do gás e da energia elétrica. Esses aumentos são consequências da atual política do governo golpista de Michel Temer, dirigido pelo setor especulativo e financeiro, que pretende privatizar empresas públicas como a Petrobras e a Eletrobrás, promovendo à lógica do mercado com a liberalização dos preços.
-A interrupção da distribuição de produtos pelos caminhoneiros atinge de maneira direta o atual governo e a sua equivocada política para o setor energético, explicitando as contradições do campo golpista. Se o governo ceder e diminuir os preços da gasolina, vai confrontar o setor especulativo e financeiro. Se se mantiver firme em sua política, a pauta não será atendida e a tendência é que a greve continue, levando o país a uma paralização geral que poderá tornar o governo insustentável.
-A ação dos caminhoneiros é complexa, não é uma luta onde o centro é a reivindicação trabalhista, nem uma simples relação de capital/trabalho. Uma parte da luta é a disputa entre os capitalistas que buscam a redução do preço do diesel contra os capitalistas que querem o aumento do preço do diesel, ambos buscam o aumento de seu lucro. É lógico que o aumento nas tarifas do diesel, do gás e da energia elétrica penaliza todo o povo brasileiro. E por tanto, se configura como uma contradição no ceio da sociedade.
-Por ser uma contradição na sociedade onde a disputa é feita entre os diversos setores sociais, é fundamental que as forças progressistas e de esquerda possam levar a sua mensagem e a sua contribuição. Em primeiro lugar, deve se abrir pontos de diálogo entre as reivindicações de caráter popular com setores do movimento grevista. O que certamente não se fará sem tensões.
-É de interesse da maioria da sociedade a diminuição das tarifas. Mas para isso, é fundamental garantir a soberania nacional e o controle dos preços dos serviços pelas empresas públicas. Evitando que os recursos estratégicos, como a energia e o petróleo, não caiam na mão de empresas privadas e estrangeiras que só querem aumentar suas taxas extraordinárias de lucro.
-A greve explicitou um problema que dialoga com a sociedade, e nesse sentido, a pauta já é vitoriosa. E essa vitória, mesmo que pontual, pode animar outros setores a lutar.
-Ao observar esses pontos, entendemos que mesmo não sendo uma greve nem puxada nem dirigida por setores da esquerda, devemos estar ativos nessa situação. Devemos nos inserir de forma articulada com os setores progressistas e de esquerda procurando, além da reivindicação específica, fazer a defesa da Petrobrás e da Eletrobrás enquanto empresas públicas, o combate às ideias de liberalização total da economia e de entrega das nossas riquezas às empresas transnacionais e aos bancos, verdadeiros culpados pelos atuais preços da gasolina, da energia elétrica e do gás de cozinha.
– O MAB orienta a toda sua militância e atingidas (os) por barragens do Brasil a participar de forma ativa deste momento conjuntural em diálogo com os setores populares que aderiram à greve, no sentido de fazer com que a luta pela redução do preço dos combustíveis se amplie e se some a luta por democracia, soberania e na construção de um país mais justo e fraterno.
São Paulo, Brasil, 24 de maio de 2018
Água e energia com soberania, distribuição da riqueza e controle popular!