Em Mariana, Fundação Renova abandona reunião com atingidos
Reunião foi interrompida pela Fundação Renova dizendo que os atingidos não queriam dialogar Aconteceu na última sexta-feira (06), uma reunião entre atingidos e atingidas pela Barragem de Fundão, em Mariana, […]
Publicado 10/04/2018
Reunião foi interrompida pela Fundação Renova dizendo que os atingidos não queriam dialogar
Aconteceu na última sexta-feira (06), uma reunião entre atingidos e atingidas pela Barragem de Fundão, em Mariana, e Fundação Renova, na comunidade de Paracatu de Cima. Os atingidos são da zona rural da cidade e cobram direito a reassentamento rural, melhoria de sinal de celular, manutenção e afastamento de estradas, fornecimento de cartão de auxílio financeiro, reposição de áreas coletivas nas comunidades, como igreja, escolas e campo de futebol.
Durante o ano de 2017, a Fundação Renova construiu critérios, junto com as famílias, para o processo de reassentamento dos atingidos. No entanto, em uma forma clara de enrolar os atingidos mais uma vez, a Fundação explicou como seria o processo de compra de novos terrenos e novas casas para os atingidos das comunidades rurais, o que causou questionamentos e indignação aos atingidos.
No final do ano passado (2017), na reunião que fizemos com eles aqui, eles disseram que a gente podia olhar o terreno que eles iam comprar, agora vem hoje e argumentam que estão analisando ainda para quem vão comprar e para quem não vão. Assim não dá! , disse José Estevão, atingido da comunidade de Pedras.
Essas explicações da Renova foram interrompidas pelas falas dos atingidos dizendo que suas propriedades não estavam à venda quando a lama chegou e que por isso o valor delas não pode ser estimado com um processo simples de análise de mercado. Maria do Carmo, atingida de Paracatu de Cima, lembrou à Fundação Renova, que todas as famílias que reivindicam novo terreno estão dentro dos critérios que foram elaborados em conjunto com a própria Renova.
Essa Fundação, que é uma farsa, ficou um ano construindo critérios para quem deseja novos terrenos, e agora, vai ver se a gente se enquadra? É um absurdo. Nós só vamos continuar o diálogo e a fazer essas reuniões se for para resolver alguma coisa. Estamos há um ano sem respostas e não vamos aceitar isso, comenta Marino DÂngelo, atingida em Paracatu.
De repente, a reunião foi interrompida pela própria Fundação Renova dizendo que não continuaria a reunião porque os atingidos não queriam dialogar e estavam sendo agressivos. Os atingidos ficaram surpresos com a reação da Renova, uma vez que são eles que estão sofrendo há dois anos e cinco meses com um crime, sem punição e sem respostas satisfatórias.
Os atingidos tentaram retomar a reunião dizendo que se a Renova possuísse algo mais claro para apresentar sobre as demandas, eles se dispunham a ouvir, mas os representantes da Fundação se retiraram da reunião. Os atingidos continuaram reunidos e reafirmaram que continuarão firme na luta por seus direitos e não aceitarão que os criminosos digam como devem ser as regras do processo. Quem dá as regras do processo de reparação são os atingidos.