Mesa debate impactos da hidrelétrica de Sobradinho

Atividade foi uma das 178 autogestionadas que ocorreram nos dois primeiros dias do Fórum Alternativo Mundial da Água, que acontece em Brasília Neste domingo (18), ocorreu a mesa temática “Diálogos […]

Atividade foi uma das 178 autogestionadas que ocorreram nos dois primeiros dias do Fórum Alternativo Mundial da Água, que acontece em Brasília


Neste domingo (18), ocorreu a mesa temática “Diálogos sobre as condições sociais da população atingida: o caso da barragem de Sobradinho”, na sala 22 do Pavilhão João Calmont, na Universidade de Brasília (UnB). A atividade, uma das 178 autogestionadas, faz parte da programação do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), que acontece entre os dias 17 e 22 de março em Brasília (DF).

Participaram da mesa João Akira, procurador regional da república e diretor-geral da Escola Superior do Ministério Público da União; Juscelino Bezerra, professor de geografia da UnB; Ana Paula Silva, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); José Josivaldo e Moisés Borges, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

A Usina Hidrelétrica de Sobradinho foi construída pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) há 40 anos no Nordeste, entre os estados da Bahia e Pernambuco, e atingiu 72 mil pessoas (dados oficiais) – grande parte não recebeu nenhuma reparação por suas perdas econômicas, sociais e culturais.

O procurador João Akira apresentou os resultados da Comissão Especial “Atingidos por Barragens”, do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), que analisou por quatro anos [2007-2011] os impactos de sete barragens. Ao final da pesquisa, foram constatados que 16 direitos humanos são violados sistematicamente na construção de barragens no Brasil. “Nós temos uma máquina de moer, a sistemática é a mesma em toda construção de hidrelétricas”, afirma Akira.

Após a sua explanação, foi a vez de Ana Paula Silva apresentar parte da pesquisa que está sendo realizada há dois anos pelo Ipea. O Instituto está realizando um diagnóstico do passivo social deixado pela hidrelétrica com a população atingida do perímetro impactado pela obra, que se equipara ao estado da Paraíba. Silva chamou a atenção para a dificuldade da pesquisa, já que muitas pessoas não tem nenhum cadastro (bolsa-família, CADE Único, conta de água e luz). Na verdade, apesar de terem sido impactadas por uma obra que gera energia, uma porcentagem significativa não tem acesso à energia.

José Josivaldo, integrante da coordenação nacional do MAB e atingido pela barragem do Castanhão, no Ceará, ressaltou a importância dos dados coletados pelo Ipea. “A própria pesquisa apenas ocorreu depois de muita luta, já que o Estado brasileiro sempre se negou à assumir sua dívida histórica com a população atingida. Esses dados serão muito importantes, mas não será uma garantia de reparação, isso virá apenas com muita mobilização”, opina.

As atividades do FAMA continuam nesta segunda-feira (19) no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, na Asa Sul de Brasília.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro