Universidade pintada de povo: 38 militantes se formam em História no Rio Grande do Sul
No último sábado (9), em Veranópolis, na região da Serra Gaúcha, aconteceu a formatura da turma do Curso de Licenciatura em História formada por militantes sociais. A turma que começou em 2013 […]
Publicado 11/12/2017
No último sábado (9), em Veranópolis, na região da Serra Gaúcha, aconteceu a formatura da turma do Curso de Licenciatura em História formada por militantes sociais.
A turma que começou em 2013 e que conta com militantes do MST, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), formou 38 educandos e educandas das cinco regiões do país.
O curso foi viabilizado em parceria com a Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), o Instituto Técnico de Capacitação em Pesquisa da Reforma Agrária (ITERRA) e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
Para os movimentos sociais e o conjunto da classe trabalhadora, formar uma turma no Curso de Licenciatura em História, em uma universidade pública, já que em muitas vezes o acesso à educação superior para os trabalhadores é negado, é uma tarefa difícil. É isso o que afirma o formando Geraldo Lopes, de Rondônia.
O curso foi importante para nós, camponeses da classe trabalhadora, que muitas vezes não conseguimos ingressar em uma universidade pública. Porém, a partir deste momento, isto está rompido e vamos poder contar a história de baixo, concluiu.
Em tempos em que a história é contada a partir dos interesses da classe dominante, motivados em pagar a memória de um povo, se faz a necessidade de disputar a universidade, a pesquisa, a formação intelectual e a consciência das pessoas. Cedenir de Oliveira, representante do Iterra, afirmou que a tarefa é formar quadros da classe e que um povo que não entende sua história não tem condições de projetar seu estudo.
Gerson Fraga, padrinho da turma e também historiador, ressaltou que a tarefa dos novos historiadores é grande. Não cabe aos historiadores apenas interpretar o tempo. É preciso vivê-lo. E estes parecem serem tempos especialmente complicados de serem vividos, fazendo referencia ao momento em que o Brasil está vivendo de golpe institucional, de retiradas de direitos e de retrocessos políticos e sociais.
Segundo o doutor João Alfredo Braida, pró-reitor da UFFS, esta foi a turma de maior taxa de sucesso na Universidade Federal Fronteira Sul. Este é um motivo de muita felicidade e a prova de que parcerias como essas devem continuar. A universidade também manifestou a intenção de abrir outra turma de Licenciatura em História em conjunto com os movimentos sociais.
Texto e fotos: Antonio Kanova/ MST