Apoiadores da Belo Sun prendem e ameaçam organizadores de seminário em Belém
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se solidariza com a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Pará (UFPA) que foi mantida em cárcere privado por apoiadores da mineradora Belo […]
Publicado 30/11/2017
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se solidariza com a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Pará (UFPA) que foi mantida em cárcere privado por apoiadores da mineradora Belo Sun durante seminário que discutiria os impactos da exploração de ouro na região do Xingu pela mineradora canadense, na tarde de ontem (29) em Belém.
O grupo de apoiadores foi dirigido pelo prefeito de Senador José Porfírio, Dirceu Biancardi (PSDB) e tinha 40 pessoas, incluindo vereadores e funcionários públicos, que estavam muito agitados. O município sediará o projeto de mineração, que atualmente está com a licença de instalação suspensa por irregularidade nos estudos indígenas. Os apoiadores veem a obra como a solução para o desemprego e a pobreza na região, que já sofre com os impactos de Belo Monte.
O prefeito de Senador José Porfírio, Dirceu Biancardi (PSDB), durante o seminário (FOTO: divulgação/Facebook)
Com o clima tenso, os organizadores decidiram cancelar a atividade. Nesse momento, o prefeito Dirceu Biancardi (PSDB) tomou o microfone e ordenou para a caravana não deixar ninguém sair da sala. Os mais exaltados ficaram na porta para não deixar ninguém sair e assim se materializou o cárcere privado, que perdurou por cerca de meia hora, até a chegada de uma equipe de televisão.
Segundo a militante do MAB, Edizângela Barros, que esteve presente no seminário o prefeito estava muito alterado e agitando o povo para ficar contra o MAB, ONGs e a comunidade acadêmica. A postura de advogado da Belo Sun, tomada pelo prefeito, impossibilitou a discussão que iriamos fazer sobre os reais impactos que o empreendimento pode trazer para a vida das famílias e o meio-ambiente na região do Xingu completa Edizângela.
A professora Dra. Rosa Marin, uma das coordenadoras da atividade realizou um boletim de ocorrência (BO) na Polícia Federal denunciando o crime de ameaça e cárcere privado. Um grupo de aproximadamente quarenta pessoas, capitaneado pelo prefeito de Senador José Porfírio, Dirceu Bacardi, se apossou do espaço, promovendo turba, ameaças aos pesquisadores que apresentavam o seminário e por fim mantiveram alunos e mestres em cárcere no local, até mesmo impossibilitando o uso dos banheiros afirma ela no BO.
A resistência à Belo Sun foi um dos temas pautados na luta do 14 de Março do MAB neste ano em Altamira (PA)
A realização do seminário Veias Abertas da Volta Grande do Xingu na Universidade Federal do Pará no campus de Belém era para discutir os impactos concretos do projeto Volta Grande de Ouro idealizado pela mineradora transnacional Belo Sun. A empresa pretende explorar 108 toneladas de ouro em 17 anos na região já atingida por Belo Monte.
Dias antes do seminário, a Fundação Rosa Luxemburgo já havia organizado uma audiência pública na Vila da Ressaca, a comunidade que será extinta para dar lugar ao projeto. A atividade também foi tensa. O mesmo expediente de organizar um grupo de apoiadores com o prefeito Biancardi foi utilizado para tentar impedir que ativistas e estudiosos críticos à obra usassem o microfone.
A Belo Sun usa todos os recursos que dispõe para viabilizar a obra, inclusive criar uma divisão na comunidade entre os contra e os a favor. A empresa cria a narrativa de que os moradores críticos à obra são os culpados da licença estar suspensa, os deixando inclusive em situação de risco, denuncia Jackson Dias, do MAB.