Mulheres atingidas debatem violações de direitos no crime da Samarco
É necessário fazer uma Arpillera que mostre a união, a organização e os direitos conquistados pelas mulheres atingidas que permanecem em luta. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou […]
Publicado 10/08/2017
É necessário fazer uma Arpillera que mostre a união, a organização e os direitos conquistados pelas mulheres atingidas que permanecem em luta.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou no dia último dia 5 de agosto mais um encontro de mulheres atingidas por barragens com o objetivo de debater a vida e a organização na luta pelos direitos.
O encontro que aconteceu em Gesteira, povoado atingido pela Samarco em Barra Longa, é o segundo esse ano que reúne atingidas pelo crime da Samarco e pela Pequena Central Hidrelétrica de Fumaça, construída no rio Gualaxo do Sul. São 25 mulheres que vivem em Mariana, Barra Longa e Diogo de Vasconcelos, atingidas nas comunidades de Bento Rodrigues, Ponte do Gama, Pedras, Gesteira, Volta da Capela, Emboque.
Hoje é um dia importante. Faz 21 meses que vivemos todo aquele terror. Minha sogra foi uma mulher lutadora. Lutou contra a lama que a arrastou e conseguiu sobreviver, diz Marli, atingida de Bento Rodrigues.
Logo no início do encontro já nos deparamos com um problema agravado pela lama da Samarco: a falta de água em Gesteira. As mulheres são as que mais sofrem com as violações de direitos causados pelas barragens. A falta de água atrasa a realização das tarefas domésticas, inclusive a preparação do almoço para o nosso encontro. Gracinha, moradora da comunidade de Gesteira diz que queria ter adiantado o almoço, mas com a falta de água não foi possível. Ainda tem uma trouxa de roupa no meu tanque que eu ia lavar, mas também não consegui, conta a moradora.
As atingidas se desafiaram a pensar o que poderiam fazer em forma de artesanato que pudesse denunciar toda a situação em que vivem. As Arpilleras, técnica chilena de denúncia e resistência utilizada pelas mulheres durante a ditadura militar, foi resgatada.
A maioria das mulheres disse que gostaria de representar através dessa técnica a comunidade que foi destruída: as casas, o rio, os espaços comunitários e de lazer, os vizinhos, as plantas, a horta, os animais. Isso deixa claro o quanto a perda ainda é forte na memória dessas mulheres e o quanto o único sonho delas é ter a vida de volta.
Algumas lembraram que é importante também anunciar para mais mulheres como fazer para conseguir isso tudo de volta. Por isso, afirmaram que é necessário fazer uma Arpillera que mostre a união, a organização e os direitos conquistados pelas mulheres atingidas que permanecem em luta.
Esta Arpillera será confeccionada e levada para o Encontro Nacional do MAB que será realizado entre 1º e 5 de outubro na cidade do Rio de Janeiro com o tema Agua e energia com soberania, distribuição da riqueza e controle popular.