Caderno de conflitos no campo brasileiro é lançado no Mato Grosso

Organizações da Via Campesina realizam mobilização em Sinop como forma de denúncia às violações de direitos humanos em conflitos ao hidro e agronegócio Fotos: Caio Mota (Fórum Teles Pires) Na […]

Organizações da Via Campesina realizam mobilização em Sinop como forma de denúncia às violações de direitos humanos em conflitos ao hidro e agronegócio

Fotos: Caio Mota (Fórum Teles Pires)

Na última quarta-feira (19), organizações da Via Campesina do estado de Mato Grosso realizaram ato no município de Sinop, na ocasião do lançamento do Caderno de conflitos do campo brasileiro de 2016, publicado anualmente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).  

A concentração começou na Praça Plínio Gallegaro, às 15 horas, e seguiu posteriormente pela Avenida Júlio Campos para a Justiça Federal, onde protocolou a pauta em relação às denuncias de violações de direitos humanos e reivindicação de diversas comunidades. Durante a manifestação, funcionários do judiciário tentaram intimidar e desmobilizar o ato em frente ao órgão.

Para o militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Jefferson do Nascimento, a situação específica dos atingidos é grave. “A empresa responsável pela construção da hidrelétrica de Sinop não está cumprindo a legislação, e quando o povo vai para a rua o que acontece? O Juiz Federal emite um interdito proibitório para as lideranças”, afirma.

Entre as muitas irregularidades do empreendimento está o processo de negociação. De acordo com o MAB, não existe um diálogo aberto e público com as organizações dos atingidos. A empresa apresenta dois discursos de que está tudo ocorrendo na normalidade para a imprensa local e MPF, enquanto que para os atingidos há uma imposição das propostas ameaçando o depósito em juízo.

Nacionalmente, o estado do Mato Grosso aparece como o maior consumidor de agrotóxicos, com a segunda maior concentração de terras, em terceiro no ranking de trabalho escravo, além de diversos relatos de violência no campo. De acordo com a integrante da CPT, Elizabete Fatima Flores, são 40 mil famílias mato-grossenses que sofreram violência pelo latifúndio no ano de 2016. “As terras que estamos reivindicando são terras da união, públicas. É nosso direito ser assentado e não ter 14 mil hectare nas mãos de um único grileiro”, opina.

No ato, também foi utilizadas cruzes para simbolizar o enterro de trabalhadores assassinados nos conflitos e a perda dos direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo. O mesmo ato simbólico foi realizado no Ministério Público Federal.   

No final da tarde, os movimentos presentes se juntaram às diversas organizações da Frente de Trabalhadores Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista onde realizaram o lançamento da Frente e debate sobre as reformas.

Participaram do ato a CPT, o MAB, a Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF), o Centro Popular do Audiovisual e o Fórum Teles Pires.

 

Dados do Caderno 2016:

– 61 assassinatos;

– Entre as vítimas, a maioria é jovem de 16 a 29 anos;

– Maior índice de assassinatos dos últimos 14 anos;

– 1295 ocorrências de conflitos por terra, que compreendem tentativas de assassinato, assassinatos, despejos, ameaças de morte, prisões, entre outros;

– Maior índice de registros de conflitos dos últimos 32 anos;

– Do total de ocorrências, 172 são relacionadas a conflitos por água. Maior índice de registros desde 2002, quando a CPT iniciou o levantamento deste tipo de conflito;

– Somando os conflitos por terra, pela água e trabalhistas foram 1536 ocorrências em 2016. Uma média de 4,2 conflitos por dia;

– Na Amazônia estão concentrados 57% das ocorrências de conflitos.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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