Em MG, atingidos plantam feijão para o Encontro Nacional do MAB
A previsão é colher 150 kg para a atividade no Rio de Janeiro Dar novo sentido ao trabalho é um dos pilares que norteiam a luta popular e a construção […]
Publicado 27/03/2017
A previsão é colher 150 kg para a atividade no Rio de Janeiro
Dar novo sentido ao trabalho é um dos pilares que norteiam a luta popular e a construção de uma nova sociedade. Enquanto os golpistas e tudo o que há de mais atrasado e ignorante na sociedade brasileira defendem a Reforma da Previdência e a terceirização, há aqueles que do seu lugar lutam contra estes retrocessos e constroem um novo sentido para a transformação da natureza conduzindo ela para a realização da humanidade e não para garantia do lucro de poucos.
E a grandeza desta experiência está contida nas ações mais simples. Por exemplo, quando um grupo de homens e mulheres de várias localidades, sobretudo jovens, se organizam para plantar o feijão que alimentará centenas de pessoas em um grande encontro que será um marco na luta histórica dos atingidos no Brasil. Deslocar longa distância, carregar ferramentas, enfrentar o sol quente. Tudo isto ganha novo sentido quando o objetivo é fortalecer a classe.
O mutirão para o plantio do feijão foi realizado nos dias 23 e 24 de março por atingidos organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) da região da Zona da Mata de Minas Gerais e a colheita será servida durante o Encontro Nacional do MAB que acontecerá entre 1º e 5 de outubro de 2017, no Rio de Janeiro.
O plantio foi feito na Escola Nacional de Energia Popular (ENEP), em Viçosa. A ENEP é uma iniciativa do MAB, do Levante Popular da Juventude, da Comissão Justiça e Paz (CJP), do Movimento Eclesial Popular Evangélico (MEPE), do Instituto Universo Cidadão (IUC) e da Escola Família Agrícola (EFA) Dom Luciano, em parceria com outras organizações.
É um espaço popular para o desenvolvimento de tecnologias alternativas para a produção de energia e alimentos saudáveis e também para a construção do conhecimento em vista de fortalecer a organização em defesa da terra, da água e de um Projeto Popular pelo Brasil.
Entre os participantes do mutirão esteve um grupo de atingidos pela Hidrelétrica de Fumaça construída entre os municípios de Diodo de Vasconcelos e Mariana. Leonídio Silva, 22 anos, Arlindo Freitas, 21, Ademir Barbosa, 21, Alex Buzelin, 26, Wesley Juventino, 18. Todos animados para o Encontro Nacional, mas também para as próximas lutas do movimento que continuam em Minas Gerais entre 30 de março e 1º de abril e também para as atividades regionais que vão encaminhar as decisões das últimas reuniões com os secretários estaduais e com o governador Fernando Pimentel ocorridas durante a Jornada do dia 14 de março.
Viemos porque acreditamos neste trabalho, neste esforço de todos por uma causa que visa melhorar também as coisas na nossa região garantindo nossos direitos, dos nossos pais e amigos. E estando aqui não dá para esquecer nosso colega Joel, que, com certeza, estaria aqui com a gente hoje, comenta Arlindo Freitas, que também ajudou a coordenar a cozinha no mutirão. Joel Aparecido, 27 anos, faleceu dentro do lago da barragem de Fumaça há menos um mês. Na região, somente este ano, dois atingidos morreram em situações que poderiam ter sido evitadas caso existisse o compromisso da empresa Companhia Energética Integrada (CEI) de garantir segurança em torno do lago, pauta antiga das famílias.
Emílio Carlos, militante do MAB, lembra que esta é apenas uma das muitas atividades previstas para os próximos meses. Vamos realizar outros mutirões, inclusive para garantir a capina do feijão e a colheita, mas também os demais alimentos, a estrutura de cozinha, como fogão e panelas, além, é claro, da mobilização dos 6 ônibus que são a meta da região. E tudo isto fortalecendo a organização a partir deste esforço e do debate dos temas colocados para o encontro em outubro , afirma.
O próximo mutirão será dia 8 de abril onde será feita a capina do plantio. A colheita do feijão está prevista para junho.