Em Altamira, atingidos por Belo Monte se reúnem com presidenta do Ibama
Na tarde desta quarta feira (24), a presidenta do IBAMA, Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo, e a diretora de licenciamento ambiental (DILIC), Rose Mirian Hofmann, reuniram com cerca de […]
Publicado 25/08/2016
Na tarde desta quarta feira (24), a presidenta do IBAMA, Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo, e a diretora de licenciamento ambiental (DILIC), Rose Mirian Hofmann, reuniram com cerca de 500 pessoas organizada no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), na comunidade Independente 1, em Altamira, no Pará.
Fotos: Rogerio Soares
A reunião foi conquistada através da mobilização na sede do IBAMA no dia 20 de julho, na qual ficou encaminhado que a presidenta e a diretora do DILIC fossem para Altamira na data de hoje.
Antes de reunir, as duas visitaram a comunidade e puderam ver a realidade das famílias atingidas por Belo Monte. O militante do MAB e morador da comunidade Izan falou a elas: eu só me mudei pra cá porque, quando Belo Monte iniciou, os aluguéis aumentaram muito. Na casa que eu pagava R$180 a cinco anos atrás, hoje o dono cobra R$ 2000.
Depois de 30 minutos de caminhada na área, o IBAMA chegou à reunião, e várias famílias com cartazes, faixas e bandeiras do MAB deram boas-vindas pedindo Cadastramento Já. Além das famílias organizadas no MAB e IBAMA, estiveram presentes o Ministério Público Estadual (MPE), Defensora Pública da União (DPU), Casa de Governo (Governo Federal) e Prefeitura Municipal de Altamira. Mesmo convidada, a Norte Energia não compareceu.
Os moradores Aldecir e Alzira questionaram que antes de ser ocupada a região era uma lagoa que se comunicava com o igarapé Panelas, sendo que a promessa da Norte Energia era que os moradores à margem dos igarapés e afluentes seriam cadastrados e remanejados.
O Seu João denunciou: depois que encheram o lago, começou a minar água em minha casa, isso nunca tinha acontecido. Eu passei mais de mês com água dentro da minha casa e a Norte Energia e prefeitura não fizeram nada por mim.
Depois de escutar algumas pessoas, a presidenta do IBAMA se pronunciou dizendo que estava em Altamira justamente para acompanhar o cumprimento das condicionantes de Belo Monte, mas que ficou preocupada com as condições que as famílias estão vivendo. No entanto, ela não veio de Brasília com a resposta pronta, fato que fez com que o povo requeresse a fala novamente.
O militante do MAB, Jackson Dias, questionou: esse caso não é só técnico, mas sim político também, as coisas não devem ser resolvidas olhando só os estudos da Norte Energia e Agência Nacional de Águas, o resultado disso tudo deve levar em consideração que a Norte Energia não está cumprindo as condicionantes de abastecimentos de água potável, coleta e tratamento de esgota e limpeza das fossas na comunidade, portanto, não dá mais de viver nessas condições.
Após um debate intenso entre as famílias e IBAMA foi encaminhado duas coisas:
O IBAMA irá articular com a prefeitura para que ela limpe o lixo da lagoa;
O IBAMA irá avaliar todos os documentos do processo referente ao Independente 1, entrar em contato com o Ministro do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Águas, e irá dar um parecer final no dia 15 de setembro;
A comunidade ficou animada com o prazo final do dia 15 de setembro para o IBAMA avaliar se eles serão impactados ou não, no entanto, também ficaram apreensivos com a possibilidade do IBAMA não os reconhecer. Diante disso, o desafio até o dia 15 é que a comunidade continue se fortalecendo para que o resulto seja a favor dos atingidos.
O IBAMA esteve de manhã em um dos Reassentamentos dos Atingidos
Nesta manhã (24) o IBAMA esteve visitando o Reassentamento Urbano Coletivo (RUC) Jatobá para verificar se se as condicionantes de Belo Monte estão sendo cumpridas, na oportunidade a coordenação do MAB do reassentamento reuniu com elas para entregar a pauta do Jatobá e dos outros quatro reassentamentos construídos pela Norte Energia.
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