Juventude atingida em luta
por Marina Calisto Alves e Roberto Carlos de Oliveira MAB/CE A capacitação de jovens atingidos por barragens, no intuito de melhorar as condições de vida das famílias atingidas, tem sido […]
Publicado 18/07/2016
por Marina Calisto Alves e Roberto Carlos de Oliveira MAB/CE
A capacitação de jovens atingidos por barragens, no intuito de melhorar as condições de vida das famílias atingidas, tem sido um motor fundamental para a organização das comunidades frente às problemáticas enfrentadas pelas contradições produzidas nas grandes obras. Essas ferramentas têm estimulado novas tecnologias sociais, além de potencializar a produção agrícola familiar.
Hoje, a realidade das comunidades camponesas, coloca para os jovens novos desafios. Atualmente, os jovens têm visto novas perspectivas de emprego, estudo e projetos de vida, somente nos centros urbanos, o que tem causado um constante êxodo rural da juventude.
A ausência de políticas públicas para a agricultura familiar com enfoque na juventude rural, que garanta direitos como saúde e educação, somados a inexistência de espaços de sociabilidade, cultura e entretenimento, torna o campo, um espaço cada vez mais distanciado dos projetos de vida da juventude que ali nasce.
Os jovens atingidos por barragens, ainda vivenciam outros conjuntos de conflitos sociais, que influenciam sua realidade. No Brasil, é constatado que pelo menos 16 direitos humanos são violados na construção de barragens. O desmantelamento das relações sociais, a ausência de garantia de direitos e a destruição dos modos de vida e das relações de trabalho, acabam por se tornarem fatores determinantes para a saída do jovem do campo para a cidade.
A partir disso, reconhecemos que para o fortalecimento do protagonismo da nossa juventude atingida e camponesa, é primordial o fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica, que envolva os jovens, as mulheres, a partir da troca de conhecimentos e novas experimentações de saberes, do cooperativismo, do acesso a tecnologias, a assistência técnica e extensão rural, além do acesso a cultura, lazer e espaços de sociabilidade.
Para tanto, há um fator fundamental a se garantir que é o acesso à universidade e a uma formação qualificada, com base em uma educação voltada para campo. Nesse sentido, as pautas da juventude rural também devem perpassar pela garantia de recursos importantes obtidos da exploração de nossas riquezas naturais, como é o caso do Pré-Sal para educação e saúde. Aos jovens atingidos e camponeses é determinante a luta pela nossa soberania nacional e energética e pela destinação de recursos estratégicos, para o financiamento de um projeto de desenvolvimento que garanta os direitos básicos da juventude, como a educação. Somente dessa forma, e com reformas estruturais necessárias é que podemos pensar em um campo mais solidário, que supere as mazelas da desigualdade social, que seja diverso, jovem, ambientalmente equilibrado e socialmente justo.