Documentário sobre Jirau e Santo Antônio é lançado em Porto Velho
Nos dias 30 e 31 foi lançado em Porto Velho o documentário Jirau e Santo Antônio: relatos de uma guerra amazônica. As exibições ocorreram no teatro municipal de Porto Velho, […]
Publicado 02/06/2016
Nos dias 30 e 31 foi lançado em Porto Velho o documentário Jirau e Santo Antônio: relatos de uma guerra amazônica. As exibições ocorreram no teatro municipal de Porto Velho, Banzeiro, e na UNIR (Universidade Federal de Rondônia). O longa atraiu jovens, estudantes, mulheres, pesquisadores e militantes que se emocionaram com os relatos do filme.
O documentário gravado em várias comunidades do Alto Madeira entre elas: Jaci Paraná, Nova Mutum, Velha Mutum e Abunã, traz imagens inéditas de arquivo desde 2013, entre elas a ocupação da hidrelétrica de Santo Antônio em 2014.
Entre as denúncias trazidas pelo filme estão o aumento ilegal da cota da Hidrelétrica Santo Antônio, a recente condenação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos pelo assassinato de Nilce de Sousa Magalhães, Nicinha e a injustiça do caso, até hoje não solucionado.
A ocupação das casas de Nova Mutum Paraná, que deveriam, conforme condicionante, ter destinação social e estavam sendo negociadas pela ESBR de forma criminosa, também tem destaque na narrativa do documentário.
O longa é uma produção conjunta entre o Coletivo de Comunicação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em parceria com a Brigada Audiovisual Eduardo Coutinho, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Após a exibição, houve uma mesa de diálogos sobre o filme que contou com a participação do Procurador da República Raphael Bevilaqua, o professor e pesquisador Luis Novoa, João Dutra e Flávia da coordenação do MAB na região, além de Ivanilce e Diva, filhas da militante desaparecida Nicinha.
Durante o debate, João Dutra, ressaltou a possibilidade da cidade de Porto Velho também ser atingida pelo aumento da Cota da hidrelétrica de Santo Antônio:
“Com as 6 turbinas a mais, a cota aumentará, junto ao desbarrancamento de Porto Velho e aumento do lençol freático. É necessário a população urbano se unir conosco nessa luta”, afirmou João.
Segundo o professor e pesquisador Luis Novoa os impactos sociais e ambientais tem um caráter muito grave e as alterações nas leis sobre os licenciamentos ambientais, pautadas recentemente no Congresso são preocupantes.
“Os impactos sociais e ambientais são continuados, o que exigiria portanto mecanismos mais rigorosos e aperfeiçoados, mas o que estamos vendo na conjuntura atual é estão querendo retirar até mesmo esses mecanismos frágeis de licenciamento que possuímos”, afirmou Novoa.
Em sua fala, João Dutra também homenageou a militante desaparecida Nicinha:
“Assim como não nós esqueceremos dessa lutadora do Povo que era a Nicinha, queremos que vocês também não a esqueçam”, afirmou.
Ivanilce, filha de Nicinha, emociada, fez um pedido para que o caso do assassinato de sua mãe seja solucionado. “Jamais desistiremos da justiça”, afirmou.
Segundo Francisco Kelvim, do Coletivo de Comunicação do MAB na região, a ideia agora é expandir a exibição do filme nas comunidades.
Agora levaremos o filme para exibição em todas as comunidades atingidas em Rondônia, e depois faremos o lançamento no Canal de Comunicação do MAB no Youtube onde ficará disponível para exibição e para o público em geral, explica Kelvim.
*Fotos: Raissa Dourado para o MAB