Em Rondônia, atingidas por barragens ocupam Eletronorte

Na manhã deste 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, 300 atingidas por barragens ocuparam a Eletronorte, em Porto Velho (RO), para denunciar as altas tarifas de energia […]

Na manhã deste 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, 300 atingidas por barragens ocuparam a Eletronorte, em Porto Velho (RO), para denunciar as altas tarifas de energia elétrica praticadas pela Ceron, além de denunciar o processo de privatização da distribuidora.

Este é o inicio da Jornada de Lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que ocorre em todo o Brasil, reivindicando a redução das tarifas de energia elétrica, justiça ao crime praticado pela Samarco (Vale/Bhp Biliton) em Mariana e a implementação da Política Nacional de Atingidos por Barragens (PNAB), que até hoje não foi implementada, junto às denuncias de violações de direitos das populações atingidas em Rondônia e no resto do país.

Atingidos por Samuel

Atingidos pela hidrelétrica de Samuel na década de 80, construída pela Eletronorte durante a ditadura militar, lutam por compensações não concluídas da obra, como a subestação de energia para a região, pela ponte sobre o rio Jamary e pelo reassentamento das famílias que até hoje vivem sem terra, alagadas pelo empreendimento.

O preço da luz é um roubo

Custa barato produzir energia elétrica no Brasil, mas o preço final cobrado da população é um dos mais altos do mundo e as mulheres são as mais atingidas. Preços altos, aumentos abusivos, luz fraca, serviço de baixa qualidade, demora e falta de atendimento, atingidos sem direitos, trabalhadores mutilados e trabalho precarizado são algumas das causas do descontentamento do povo com a situação da energia elétrica.

Segundo a atingida por Samuel e militante do MAB, Creuza, as mulheres são as mais atingidas por esse modelo energético desigual, que viola sistematicamente os direitos das comunidades atingidas. “Fui atingida pela hidrelétrica de Samuel é até hoje, 30 anos depois, ainda lutamos por compensações não entregues da obra como a Ponte ligando a área urbana à rural em Itapuã”. 

Privatização da Ceron

A ofensiva da privatização da Ceron vem acontecendo desde 2013, entretanto as lutas dos eletricitários em conjunto ao MAB impediram a venda da distribuidora. Entretanto, a proposta de privatização da empresa voltou à pauta da Eletrobrás, junto com outras 7 distribuidoras, iniciando com a Celg de Goiás, com leilão marcado para dia 31 de março.  

O sistema Eletrobrás Distribuição Rondônia é uma das únicas distribuidoras ainda estatais que apresenta lucro. No ano passado, o rendimento foi de R$ 292.720 mil, decorrente, principalmente, do aproveitamento dos créditos de ICMS, PIS/PASEP e COFINS.

Para o vice-presidente da Federação Nacional dos Urbanitários, Nailor Gato, “o governo escreve com a mão esquerda e age com a mão direita, ou seja, assumiu o compromisso com a classe trabalhadora de não privatização, da não entrega do patrimônio, mas agora, pressionado pelo “mercado”, age entregando as empresas de um setor estratégico para desenvolvimento regional à iniciativa privada”.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 07/03/2016

Mulheres se mobilizam em BH