Atingidos pela Samarco vivendo em área de risco exigem reassentamento
Famílias em área de risco, na cidade de Barra Longa (MG), destruída pela lama da Samarco (Vale/BHP Billiton), querem a construção de suas casas em local seguro. Dona Eva, moradora […]
Publicado 21/01/2016
Famílias em área de risco, na cidade de Barra Longa (MG), destruída pela lama da Samarco (Vale/BHP Billiton), querem a construção de suas casas em local seguro. Dona Eva, moradora do Morro Vermelho, que teve sua moradia comprometida pela lama, quer a casa construída em novo local, mas manter a relação de vizinhança. Eva afirmou que no dia 19/01 uma engenheira da empresa esteve em sua casa e disse que se tirar a lama, sua casa cai. Disse, porém, que levaria isso pra avaliação interna da empresa. Ela não voltou.
O MAB tomou conhecimento de que existe uma determinação interna pra reformas apenas. Cremilda, também da área de risco, está preocupada. Ela quer sair, mas falta a palavra da empresa de que vai lhe garantir uma nova casa. Outras famílias, principalmente na Rua Primeiro de Janeiro, estão em situação semelhante e querem sair.
A preocupação das famílias aumentou nos últimos dias, pois o Rio Carmo subiu muito por causa das chuvas e porque está assoreado pela lama: Levantei várias vezes à noite assustado ouvindo o barulho, pensei que a outra barragem tivesse rompido e a lama tivesse chegando de novo na minha casa, disse Geraldo, que faz hemodiálise duas vezes por semana e, também, aguarda local seguro pra morar.
A Samarco (Vale/BHP Billiton) continua, porém, insensível ao clamor do povo. Ontem (20), no quinto encontro de Mediação, ela argumentou que vai esperar o resultado da Golden, empresa canadense contratada para fazer avaliação do Rio e de suas interferências nas casas. Segundo informou a mineradora, esse estudo poderá demorar 70 dias. Vocês falam acho, mas a empresa toma suas decisões baseada em laudos técnicos, disse o funcionário da Samarco, desqualificando e negando a reivindicação do povo.
O MAB vai continuar organizando as famílias, que estão indignadas com a postura intransigente da Samarco, e deram prazo de uma semana para a empresa rever sua posição. O Movimento entende que o argumento da técnica é uma falácia, pois os laudos são feitos por pessoas contratadas pela própria empresa.
Para o Movimento, a palavra definitiva sobre sua saída da área de risco deve ser da família e, não, da empresa. O MAB defende ainda que as famílias têm o direito de indicar profissionais de sua confiança para avaliação segura da estrutura das casas. Estamos pensando para os próximos 50 anos, moradia é mais que a casa, é a história, é a segurança da pessoa, com isso não podemos brincar, afirmou Thiago Alves, membro da coordenação do MAB.