As Transições energéticas frente às mudanças climáticas
Nos dias 03 e 04 de dezembro, o MAB participou de um seminário em Bilbao, capital do país Vasco, defendendo a soberania energética a partir de uma perspectiva de apropriação […]
Publicado 09/12/2015
Nos dias 03 e 04 de dezembro, o MAB participou de um seminário em Bilbao, capital do país Vasco, defendendo a soberania energética a partir de uma perspectiva de apropriação popular. Foram apresentadas diversas experiências de transição energética da Alemanha, Equador, Espanha, Cuba, Brasil e Galícia.
Novamente se coloca a questão de transcender o debate da matriz energética como tema central, à medida que muitos países europeus buscam saídas para as mudanças climáticas no investimento de energias renováveis (sobretudo, eólicas), contra a utilização das fontes nucleares. Isso ficou muito claro pela apresentação dos representantes da América Latina, que são de áreas muito afetadas por empreendimentos hidroelétricos, eólicas, causadores de grandes impactos sociais e ambientais, com destaque ao deslocamento de vários grupos tradicionais, povos indígenas, demarcando o falso discurso de redutoras de impactos destas fontes.
Outro tema muito abordado foi a geração de energia através do Petróleo. Alexandra Almeida, da Ação Ecologista do Equador, apresentou a campanha das comunidades indígenas do país pela não utilização dos recursos do petróleo, gás, e carbono do subsolo, uma vez que em 45 anos de exploração por transnacionais, não representaram avanços sociais no país. A proposta está baseada na perspectiva de respeito e diálogo com outros modos de produção da vida, que resistem ao capitalismo. Rechaçando os falsos mecanismos internacionais para evitar as mudanças climáticas como mercado de carbono, REDD+, entre outros.
Na Cataluña, experiências interessantes de organização popular através dos condomínios para democratizar o acesso à energia, exigindo tarifas sociais, também se mostraram um importante aspecto que impactou nas políticas públicas municipais, inclusive com a possibilidade de construir uma lei para atender aos refugiados da energia, aqueles que não podem acessar energia porque não podem pagar o preço da luz.
O tema da aliança operária e camponesa, através da Plataforma foi um tema de destaque em toda a conferência, a perspectiva de construção de um projeto unitário de soberania energética se firmou como a melhor resposta para uma transição energética e enfrentamento do poder corporativo no setor. Tendo o completo de experiências como a Cuba, e o horizonte de construção da energia como um direito social.
Em suma, pensar em enfrentar o tema da energia, com a clareza de que é um elemento estruturante no atual modelo de produção, é enfrentar temas como a dimensão do avanço das forças produtivas para impactos na vida de comunidades na América Latina; como se dará a apropriação popular dos meios de produção no setor; e também como superar os desafios climáticos colocados pela utilização das fontes, prevendo mecanismos de reformas concretas e urgentes sob pena de impactos irreversíveis ao clima.