Em SC, atingidos mantém paralisação da barragem de São Roque
Atingidos cobram a inclusão de centenas de famílias excluídas das políticas compensatórias, além da revisão dos valores de indenização proposto pela Engevix. A empresa, que controla a hidrelétrica, está envolvida […]
Publicado 02/10/2015
Atingidos cobram a inclusão de centenas de famílias excluídas das políticas compensatórias, além da revisão dos valores de indenização proposto pela Engevix. A empresa, que controla a hidrelétrica, está envolvida no esquema de corrupção da Lava Jato e já participou de episódios de violação de direitos humanos na região.
O canteiro de obras da hidrelétrica de São Roque, atualmente em construção no rio Canoas, continua totalmente paralisado pelo segundo dia consecutivo. Desde o início da manhã de quinta-feira (01), atingidos pela barragem ocuparam as instalações, localizada no município de Vargem (SC), para cobrar a inclusão de centenas de famílias excluídas das políticas de compensação.
Até o momento, a empresa São Roque Energia S.A, de propriedade da Engevix, não sinalizou uma data para negociar os pontos de reivindicação, os quais foram enviados por oficio à empresa no inicia da ocupação. A Engevix está envolvida no escândalo de corrupção da Lava Jato e já participou de diversos casos de violações de direitos humanos.
De acordo com o atingido pela barragem de São Roque e morador do município de Brunópolis (SC), Carmosino Alves Ferreira, a empresa tem utilizado frequentemente a prática de negar os direitos da populações afetadas para não economizar no custo da obra. Com o valor baixo que a empresa está me pagando, tenho que entregar dois hectares para a barragem e consigo comprar apenas um hectare com o valor proposta na indenização, relata Carmosino.
Por outro lado, a empresa tem se negado a comprar áreas para reassentamento rural coletivo, alegando que são muito caras. Todavia, a Engevix está pagando valores irrisórios para os atingidos, que na média ficam em 12 mil reais para cada hectare de terra, apesar do valor de mercado na região estar orçado em 30 mil reais por hectare.
As famílias estão sendo pressionadas a aceitar estas propostas. De acordo com relatos, em caso de negação, a empresa está ameaçando colocar o caso na justiça. Atualmente, 35 famílias já foram judicializadas, com as indenizações depositadas na justiça.
As denúncias de irregularidades são tantas que o Ministério Público Federal (MPF) de Joaçaba (SC) solicitou ao órgão ambiental do estado FATMA, a paralisação da barragem caso empresa não resolver as condicionantes das licenças prévia e de instalação no que diz respeito à questão social e ambiental.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reivindica também uma intervenção imediata na busca de marcar exigir uma data de negociação entre população e empresa. A posição dos atingidos é de continuar mobilizados até que os problemas sejam resolvidos e lutar por terra, reassentamento, revisão das indenizações, enquadramento das famílias fora da lista de indenizações e cumprimento imediato dos direitos negados.
Prevista para gerar energia em maio do próximo ano, a Usina Hidrelétrica São Roque tem potência de 139 MWh de energia, que inundará cerca de 5 mil hectares de terra e atingirá 800 famílias.