Trabalhadores protestam em SP

São Paulo – Reunidos hoje (15) de manhã na avenida Paulista, em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), líderes sindicais da CUT criticaram […]

São Paulo – Reunidos hoje (15) de manhã na avenida Paulista, em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), líderes sindicais da CUT criticaram o pacote de medidas anunciado ontem (14) pelo governo para equacionar o déficit orçamentário de mais de R$ 30,5 bilhões do próximo ano.

 

por Helder Lima, da Rede Brasil Atual*

“É um pacote recessivo lamentável”, afirmou o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas. “Ele dialoga com a política de recessão, de corte nos investimentos e nos direitos dos trabalhadores. Nos espanta a falta de diálogo com a sociedade. O pacote sinaliza para setores que não apoiaram o governo”, disse. “Tem de ter uma gradação nisso, o pacote não tem tributação sobre grandes fortunas. Governo tenta dialogar com o mercado, que é hostil a ele. No fim, não dialoga nem com empresários, nem com trabalhadores”, criticou.

Entre as medidas anunciadas ontem estão a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), agora com alíquota de 0,2%, mais aumento das alíquotas de imposto de renda para pessoas com bens acima de R$ 1 milhão, corte nos gastos de programas sociais e mudanças nas cotas do chamado Sistema S, da indústria e comércio para custeio da previdência social.

Durante o ato de hoje, Freitas disse que vai enviar ainda hoje um ofício à presidenta Dilma Rousseff solicitando uma audiência para colocar propostas alternativas dos trabalhadores para a retomada do crescimento. Além de Freitas, outras lideranças defenderam a tributação de grandes fortunas, fazendo eco a uma ideia que ganha apoio crescente dos trabalhadores. Freitas também destacou que o receituário neoliberal que inspirou o pacote anunciado ontem já foi aplicado em outros países sem o efeito desejado. “O ajuste é o mesmo remédio em várias partes do mundo, sempre tirando direitos da classe trabalhadora.”

O ato na Avenida Paulista reuniu cerca de 10 mil trabalhadores, entre 9h e 12h30. É a primeira vez que a CUT realiza uma mobilização de campanha salarial unificada. Estiveram representadas 18 categorias e perto de 1,8 milhão de trabalhadores do estado, todos com data-base no segundo semestre, contemplando metalúrgicos, bancários, químicos, petroleiros, comerciários, entre outros.

O novo presidente da CUT estadual em São Paulo, Douglas Izzo, também foi enfático nas críticas ao pacote. “Os cortes não contribuem para a economia voltar a crescer, para alavancar o crescimento e gerar emprego e renda. A CPMF é uma alternativa para de arrecadação para dar fôlego ao governo, mas o governo tem de fazer uma discussão sobre as grandes fortunas. O que não pode é colocar o peso da crise sobre os trabalhadores. Por isso é que nós estamos aqui”, afirmou.

“Nós não aceitamos o retrocesso”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, referindo-se às ameaças de retrocesso nos direitos dos trabalhadores, como o projeto de terceirização em todas as atividades, que tramita no Congresso Nacional. Marques também destacou o lado político da mobilização de hoje. “O ato de hoje é também pela estabilidade política do país, nós apoiamos o estado democrático de direito”, disse, mandando recado aos setores conservadores da sociedade, que defendem o impeachment de Dilma. “Os golpistas ficam lançando dúvidas no cenário político, isso cria espaço para a fuga de capitais e para provocar demissões. Esse ambiente não interessa a ninguém, essa instabilidade só interessa a uma cúpula”.

Apesar das amplas críticas ao pacote, Marques considerou boa a medida do pacote anunciado ontem, que prevê reter 30% do Sistema ‘S’, que reúne Sesi, Senai, Sesc, Senat e Senar, para custeio da previdência social. “O sistema ‘S’ tem quase R$ 18 bilhões aplicados no mercado financeiro; só no estado de São Paulo são R$ 1,6 bilhão. É fundamental que eles participem da previdência”. Em 2014, esse sistema arrecadou R$ 32 bilhões, sem que fossem oferecidos cursos gratuitos de capacitação de mão de obra no país. Marques também defendeu uma audiência dos representantes dos trabalhadores com a presidenta Dilma, para colocar na mesa medidas emergenciais para a retomada do crescimento no país.

Ato em defesa da Petrobrás

Pela manhã, petroleiros e movimentos sociais fecharam a entrada principal da sede da Petrobrás, localizada na Av. Paulista.

O ato, organizado pela direção do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP), fechou o prédio do Edisp (sede administrativa da Petrobrás), na Avenida Paulista, a favor da pauta da categoria em defesa do Brasil. Os dirigentes promoveram um atraso de três horas no início do expediente. Cerca de 1,5 mil trabalhadores próprios e terceirizados participaram da manifestação, que começou às 6h e terminou por volta das 9h.

Os sindicalistas levaram bandeiras e faixas para o saguão de entrada do Edisp e, com o apoio de representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), protestaram, mais uma vez, contra o projeto de lei entreguista do senador José Serra, que pretende alterar a lei de partilha da exploração do pré-sal, e o plano de negócios da Petrobrás, que prevê desinvestimento e deverá provocar milhares de demissões. 

Um dos assuntos mais debatidos foi a forma como a Petrobrás vem tratando as negociações com a categoria. Primeiro, a empresa anunciou mudanças no modelo de negociação, que passaria a ser fragmentado, e, logo em seguida, apresentou uma contraproposta que dá continuidade ao processo de desmonte em curso no sistema Petrobrás e ataca os direitos trabalhistas.

Um dos pontos da proposta é a redução de 25% da jornada de trabalho e dos salários do pessoal que trabalha em horários flexíveis na área administrativa. “O que isso significa, que somos descartáveis? Mais do que nunca, os trabalhadores dos escritórios precisam se mobilizar e lutar, junto com a gente, para mantermos nossas conquistas”, afirmou a coordenadora do Unificado, Cibele Vieira.

* com informações da FUP.