MAB e UFFS realizam seminário sobre educação popular na saúde

No Paraná, atingidos e acadêmicos elaboraram um plano de trabalho para minimizar os impactos das barragens na saúde das populações atingidas   Nesta última sexta-feira (04/09), o Movimento dos Atingidos […]

No Paraná, atingidos e acadêmicos elaboraram um plano de trabalho para minimizar os impactos das barragens na saúde das populações atingidas

 

Nesta última sexta-feira (04/09), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFSS) – Campus Laranjeiras realizaram o 1º Encontro Estadual de Formação de Educação Popular em Saúde, no município de Francisco Beltrão, no Paraná.

Os atingidos, além de carecerem de uma política nacional que garanta o alcance aos direitos sociais básicos, convivem com situações críticas de violação dos direitos humanos que afetam diretamente a saúde. Por isso, o objetivo principal da atividade consistiu em avaliar as condições de acesso da população atingida por barragens aos programas de saúde pública do Sistema Único de Saúde (SUS), como forma de minimizar as patologias associadas à construção das barragens.

Para o advogado e militante do MAB, Leandro Scalabrin, essas grandes obras causam uma série de problemas no cotidiano das populações impactadas. “O atingido é obrigado a sair de sua terra para uma única empresa produzir energia em benefício do próprio lucro. As consequências podem ser comparadas a uma guerra na vida desse sujeito”, comparou.

Mas os problemas na área da saúde não se restringem aos atingidos por barragem. De acordo com o militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a população de forma geral possui dificuldades de acessar os programas do SUS. “Se este sistema funcionasse conforme deveria, seria um dos melhores programas de saúde do mundo”, afirmou.

Em contraste com o Brasil, a experiência desenvolvida em Cuba é um exemplo internacional de saúde pública exitosa. Segundo a médica cubana residente no Brasil, Yesbet Bebert Diaz, no país caribenho existe um médico para cada 500 habitantes. “Ele fica disponível 24 horas para a população. Sua casa fica próxima ao consultório. Cuba trabalha com a saúde preventiva, isso diminui os gastos e evita doenças em estado avançado. Os médicos formados lá são humanistas, muito diferente daqui do Brasil”, explicou.

No atual modelo brasileiro, a saúde é tratada como uma mercadoria e as pessoas como clientes. Apesar de garantido o acesso público e irrestrito na Constituição de 1988, atualmente o tratamento do SUS é deficitário e os equipamentos estão sucateados.

Conforme a professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Maria Lucia Frizon Rizzotto, é necessário garantir esse direito público garantido na lei. “O SUS, apesar de todas as limitações, é um programa reconhecido internacionalmente, e trouxe várias avanços para a saúde do Brasil. Cabe a nós, povo brasileiro, lutar para transformar esse sistema de saúde conforme prevê a lei”, opinou.

A proposta de encaminhamento do encontro é fazer um levantamento de dados acerca do acesso aos serviços públicos do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de entrevistas com as famílias atingidas pela Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, atualmente em construção no Paraná, e as secretarias de saúde dos municípios.

Esta atividade faz parte de um projeto que almeja atender os três estados da região sul do país com famílias residentes nas áreas de três usinas hidrelétricas: Itá, construída em 2000 entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina; Garabi e Panambi, planejada para a fronteira entre Argentina e Brasil, no Rio Grande do Sul; e Baixo Iguaçu, atualmente em construção no Paraná.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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