Movimentos do campo realizam “escracho” no HSBC
Manifestação ocorre após diversos escândalos divulgados pela mídia que apontam sonegação fiscal e lavagem de dinheiro envolvendo correntistas. Na tarde desta quinta-feira (12), cerca de mil camponeses organizados no Movimento […]
Publicado 12/03/2015
Manifestação ocorre após diversos escândalos divulgados pela mídia que apontam sonegação fiscal e lavagem de dinheiro envolvendo correntistas.
Na tarde desta quinta-feira (12), cerca de mil camponeses organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação da Agricultura Familiar (FAF) e Movimento dos Pequenos Agricultores, além de integrantes do Levante Popular da Juventude e da CUT, realizaram um “escracho” em frente ao banco HSBC, na Avenida Paulista, em São Paulo. O objetivo do protesto é denunciar a instituição financeira pela participação em diversos escândalos de corrupção e lavagem de dinheiro.
As denúncias ocorreram após o vazamento de dados do HSBC de 106 mil clientes de 203 países. Suspeita-se que há um esquema de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos praticados por uma lista de clientes ricos do banco HSBC, que possuem contas secretas em uma filial na Suíça. A suspeita é de que esse tipo de conta era usada para sonegar impostos, esconder renda, patrimônio e dinheiro sujo. A denúncia é de que o banco orientava e ajudava a praticar estes crimes e estas remessas para as contas na Suíça.
Existe uma lista de aproximadamente 6.600 contas, de 8.667 clientes brasileiros com mais de R$ 20 bilhões em depósitos entre 2006/2007. As contas pertencem à banqueiros, empresários ricos, políticos, artistas, desportistas, etc.
A denúncia foi feita por um consórcio Internacional de jornalistas investigativos, que obteve informações de um ex-funcionário do HSBC que trabalhava no setor de tecnologia de Informação do banco.
O jornalista Fernando Rodrigues, que teve acesso ao acervo do SwissLeaks, afirmou que dois ex-diretores do Metrô de São Paulo, Paulo Celso Mano Moreira e Ademir Venâncio de Araújo, abriram contas na Suíça no período em que a foi assinado acordo para compra de trens com a multinacional francesa Alstom, acusada de pagar propinas em licitações da estatal.
Em setembro de 2013, mais de três mil militantes do MAB e do Levante Popular da Juventude denunciaram o esquema de corrupção dos metrôs de São Paulo, conhecido como Cartel dos Metrôs.
Segundo o coordenador do MAB, Gilberto Cervinski, o HSBC é a ponta de um esquema inteiro de fraudes de grandes bancos. O HSBC é o local onde a direita brasileira lava o dinheiro sujo. A mídia fala muito sobre a corrupção da Petrobrás, que foi algo em torno de 2 bilhões de reais. Aqui no HSBC, a quantia sonegada foi algo em torno de 21 bilhões de reais. Se a mídia fosse seguir a risca o tempo que se fala do Lava Jato, teriam que fazer a programação inteira falando sobre o roubo que representa o HSBC, apontou Cervinski.
Camponeses entregam pauta para a Secretaria Geral da Presidência
Momentos antes ao “escracho” ao banco HSBC, os manifestantes protestaram em frente a sede da Secretaria Geral da República, também localizado na Avenida Paulista. Uma comitiva dos movimentos sociais se reuniu com representantes da Secretaria Geral da Presidência e entregaram uma pauta de reivindicações.
Entre os principais pontos de pauta estão questões estruturais ligadas aos trabalhadores do campo, como a reforma agrária, a soberania familiar, alimentar, territorial e a titularização e reconhecimento das terras. O objetivo é denunciar as diversas formas de opressão causadas pelo modelo do agronegócio, atualmente financiado pelas diversas instâncias do governo.
Também foram apontadas questões conjunturais como a realização do Plebiscito Oficial para a Reforma Política, a democratização dos meios de comunicação e a luta pelos direitos trabalhistas.
Conseguimos entregar nossa pauta unitária, mas queremos agora tratar direto com aqueles que tem poder de decisão, com os ministérios, com a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o BNDES, e demais órgãos responsáveis, para que nossas antigas reivindicações sejam atendidas. Estamos cansados de esperar uma posição desse governo, que vem apoiando o agronegócio, a privatização da energia e corta direitos dos trabalhadores. Viemos pressionar, mas sabemos da importância de defender, sobretudo contra o ataque da direita golpista, portanto amanhã, estaremos de novo nas ruas, somando ao ato em defesa da democracia e dos trabalhadores do campo e da cidade, afirmou o dirigente estadual do MST, Delveck Matheus.
Outro ponto destacado pelos movimentos que organizam o ato é o tema da energia. Os movimentos lutam pelo cancelamento imediato de todos os aumentos nas contas de luz previstas para entrar em vigor em 2015, a realização de mudanças políticas e institucionais para superar o modelo energético de mercado, em defesa da Petrobrás e contra a privatização de todos as matrizes energéticas.