“O Brasil não é da Petrobrás, mas a Petrobrás é do Brasil”, pondera Pochmann

O economista e professor da Unicamp teme desemprego e retrocesso econômico com ataques à Petrobrás Por Claudia Rocha, de São Paulo Brasil de Fato: A situação da Petrobrás tem tido […]

O economista e professor da Unicamp teme desemprego e retrocesso econômico com ataques à Petrobrás

Por Claudia Rocha, de São Paulo

Brasil de Fato: A situação da Petrobrás tem tido bastante destaque no noticiário, mas quais são as consequências diretas em relação aos empregos que a empresa sustenta?

Márcio Pochmann: A questão é que evidências mostram que há uma real possibilidade de eliminação do setor empresarial existente ao redor da petroleira. E isso, claro, vem acompanhado de uma grande queima de empregos. Fala-se em torno de 500 mil trabalhadores afetados diretamente com o que está em curso. A Petrobrás tem uma importância muito ampla e o seu enfraquecimento acaba tendo efeito em cadeia em diversos setores.

Por ter ligação com a soberania nacional, o debate sobre o enfraquecimento da empresa passa também por interesses externos. A quem interessa uma Petrobrás fraca?

A Petrobrás adquiriu um nível de conhecimento tecnológico acumulado que poucas empresas possuem. A fragilização ou até mesmo a privatização é algo que as corporações estrangeiras têm um interesse inegável. O Brasil não é da Petrobrás, mas a Petrobrás é do Brasil. Hoje, a empresa tem um compromisso com as chances do país continuar caminhando com suas próprias pernas. A privatização significaria o congelamento de uma das pernas do Brasil, nos impedindo de seguir de forma autônoma neste início do século XXI.

Quais seriam os principais danos da privatização?

Podemos fazer uma associação com as privatizações dos anos 90. A privatização acabou fazendo com que as compradoras, que têm suas sedes nos outros países, deixassem morrer as pesquisas por aqui porque já havia desenvolvimento lá fora. Na Petrobrás, não seria diferente. Jogaríamos fora um grande potencial e um acúmulo de muitos anos de tecnologia extremamente significativa. Além disso, há a chance do aumento, ainda maior, da terceirização neste setor.

E em relação às políticas públicas?

No Brasil, temos poucos polos de política industrial, acabaríamos perdendo o mais importante deles. Estima-se que em 2025, de acordo com o plano estratégico de investimentos, seria possível que a Petrobrás representasse 32% do PIB do nosso país. Pela primeira vez na história, uma decisão corajosa do governo, que veio com o Lula, mas acabou sendo conduzida por Dilma determinou que a apropriação de uma parte dos recursos será voltada para a educação brasileira. A orientação da Petrobrás, hoje, está ligada com o futuro do Brasil.

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