Arpilleira das atingidas participa de exposição na Irlanda do Norte

Ao lado de outras 29 peças têxteis, a arpillera “Onde estão nossos direitos?” confeccionada coletivamente pelas mulheres do MAB, participou da exposição “Registros Têxteis dos Conflitos”, no marco da Conferência […]

Ao lado de outras 29 peças têxteis, a arpillera “Onde estão nossos direitos?” confeccionada coletivamente pelas mulheres do MAB, participou da exposição “Registros Têxteis dos Conflitos”, no marco da Conferência Internacional “Registros do Conflito: Histórias Registradas Digitalmente para a construção da Paz”, que aconteceu em Belfast (Irlanda do Norte) nos dias 17 e 18 de novembro.

A exposição, segundo a curadora, Roberta Bacic, trouxe à conferencia os testemunhos dos impactos dos conflitos e abusos de direitos humanos expressados nas suas várias dimensões e em vários cantos do mundo, através da arte têxtil e acompanhados por lembranças, objetos da vida cotidiana que fazem parte da história dos conflitos, como o lenço das “abuelas de La plaza de Maio” na Argentina.  Fizeram parte da exposição, junto com a arpillera brasileira das atingidas, peças confeccionadas na Irlanda do Norte, Inglaterra, Espanha, Chile, Peru, Argentina, Afeganistão, Palestina, Zimbawe, África do Sul, Alemanha, Canada e Colômbia.

Segundo a curadora, a importância destes testemunhos têxteis está na necessidade de inventar, criar e usar linguagens que ajudem a expressar fatos muitas vezes impossíveis de se contar com palavras: “Usando principalmente agulha, linha e retalhos de tecido, mulheres, e alguns homens, trabalhando em grupo ou individualmente, durante longas horas e muitas vezes de forma clandestina, na sua ardente procura por apresentar ao mundo as suas experiências vividas sobre o conflito. As peças têxteis nos trazem histórias de desaparições, execuções forçadas, tortura, resistência, exílio forçado e perda dos seres queridos. No meio de todo este sofrimento emergem também a solidariedade, a resistência e o retorno”.

As mulheres do MAB, seguindo esta lógica, tem iniciado um projeto, com apoio da União Européia e as organizações austríacas H3000, DKA e Frei So Frei, para através da técnica têxtil das arpilleras, registrar e visibilizar as violações de direitos que sofrem, vítimas do atual modelo de planejamento, implantação e operação de barragens.

Nas palavras da curadora, Roberta Bacic, que tem assessorado este processo, as arpilleras trazem o que não pode ser contado com palavras, e ajudam as mulheres a articular a sua própria história, virar sujeitos e desafiar o público a refletir sobre estes constrangedores testemunhos, e porquê não, fazer alguma coisa à respeito.

Fotografias das peças em exibição podem ser vistas, e copiadas com os créditos, no seguinte link: http://cain.ulst.ac.uk/quilts/exhibition/2014-11-17_Belfast/Textile-accounts-of-conflicts.pdf

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