Volume morto do Alto Tietê também será utilizado
do Brasil de Fato SP Após a seca no sistema Cantareira, que vem tendo seu volume morto explorado desde maio, chegou a vez do sistema Alto Tietê chegar próximo ao […]
Publicado 29/07/2014
do Brasil de Fato SP
Após a seca no sistema Cantareira, que vem tendo seu volume morto explorado desde maio, chegou a vez do sistema Alto Tietê chegar próximo ao colapso. Isso torna ainda mais incerto o abastecimento de água na região metropolitana de São Paulo.
Com o baixo volume do sistema Cantareira, a água dos reservatórios que compõem o Alto Tietê tem sido utilizada como alternativa, abastecendo áreas não previstas em seu plano original. Agora, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado) anunciou que, a partir de agosto, também passará a utilizar o volume morto deste complexo.
A reserva técnica, como é chamado o volume morto, nada mais é que o estrato abaixo do nível de captação normal, responsável pela manutenção da vida aquática e da qualidade da água. Segundo fontes ouvidas pelo Brasil de Fato SP, o volume no complexo Alto Tietê diminui 1% diariamente.
No total, 25 bilhões de litros de água do volume morto deverão ser bombeados. O sistema Alto Tietê é formado por cinco represas e está com 22,4% da capacidade (116 bilhões de litros), sem contar o volume morto.
SISTEMA
A distribuição de água em São Paulo ocorre por meio de um sistema de abastecimento integrado. Esse sistema envolve ao todo oito complexos, que são responsáveis pela produção de 67 mil litros de água por segundo, atendendo uma área de 33 municípios, além de outros seis que compram água “por atacado”.
Com os dois maiores sistemas se esvaziando, o abastecimento da maior parte da região metropolitana fica gravemente comprometido. A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a direção da Sabesp responsabilizam o clima como único fator para a crise. No entanto, muitos especialistas criticam a falta de planejamento na gestão dos recursos hídricos.
O urbanista e ex-presidente do subcomitê Billings/Tamanduateí, Miguel Reali, aponta que a crise era previsível: Na estiagem de 2003, já havia alertas para o fato de que os reservatórios existentes só garantiriam o abastecimento da região metropolitana até 2010. Segundo ele, durante esse período era preciso fazer o sistema evoluir, acompanhando também o crescimento da população.
Para Ricardo Moretti, engenheiro e professor da UFABC, se não houver racionamento as consequências serão dramáticas. Por conta do cronograma eleitoral o problema á camuflado. A solução é ter coragem política e implementar um racionamento planejado.
Falta de água já causou 3.000 demissões
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou um estudo que mostra os estragos causados pela crise de abastecimento de água em São Paulo. A pesquisa revela que já foram fechados mais de 3.000 postos de trabalho devido à falta de água.
O levantamento foi feito entre os dias 12 e 26 de maio com 229 empresas de micro e pequeno porte (até 99 empregados), 140 de médio porte (de 100 a 499 empregados) e 44 de grande porte (500 ou mais empregados).
As demissões decorrem da redução do ritmo da produção e da queda da produtividade das indústrias pela falta do recurso hídrico. A tendência, segundo a Fiesp, é que o quadro se agrave ainda mais nos próximos meses.
“A escassez de água está levando à redução da produtividade. Não há números oficiais, as empresas são cautelosas na divulgação de informações, mas o problema já chegou até nós. Existem empresas que já eliminaram um turno de produção, há vários exemplos negativos para o desenvolvimento produtivo da região. E 3.000 postos de trabalho deixaram de existir por causa desse problema”, afirma Eduardo San Martin, diretor de meio ambiente da entidade patronal. (Da RBA)