Atingidos por barragens escracham sede da Tractebel em SC
MAB realiza protesto em frente à empresa considerada uma das maiores violadoras dos direitos dos atingidos Durante a madrugada desta quinta-feira (27), integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) […]
Publicado 27/03/2014
MAB realiza protesto em frente à empresa considerada uma das maiores violadoras dos direitos dos atingidos
Durante a madrugada desta quinta-feira (27), integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizaram um ato de escracho em frente à empresa privada Tractebel Energia, que é controlada pela International Power – GDF SUEZ, em Florianópolis.
Participaram da atividade cerca de 300 pessoas vindas dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Com gritos de ordem, batucada, bandeiras e faixas, os manifestantes fizeram um ato de denúncia das práticas cometidas pela empresa.
A Tractebel é considerada uma das empresas que comete as maiores violações de direitos das populações atingidas e, por isso, tem sido alvo de constantes investigações. Os atingidos acusam a Suez de não respeitar seus direitos e ainda ameaçar as famílias no Paraná com a retirada de mais 100 metros das propriedades em áreas ribeirinhas ao lado da usina Salto Santiago.
Além disso, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) aponta que a maior parte do dinheiro arrecadado pela Tractebel, com a venda de energia no Brasil, é enviada para sua matriz, na França.
De acordo com o integrante da coordenação nacional do MAB, Robson Formica, foi elaborado um relatório pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), instaurado entre 2006 e 2010, para analisar denúncias de violação de direitos na construção e implantação de barragens. Nele, foram constatados 16 direitos humanos violados, parte deles pela Tractebel, na UHE Cana Brava, localizada em Goiás.
Foram constatadas violações dos direitos à informação e à participação, direitos à liberdade de reunião, associação e expressão, direitos ao trabalho e a um padrão digno de vida, direitos de ir e vir, direitos à moradia adequada, direito à educação, direitos à plena reparação das perdas, afirma Formica.
O drama das famílias atingidas pela Tractebel
A barragem de Salto Santiago, construída há mais de 30 anos no Paraná, deixou um rastro de insatisfações nas famílias que tiveram suas áreas alagadas. Até hoje, existem famílias que afirmam não terem recebido as devidas indenizações de suas terras e benfeitorias. Os moradores de Rio Bonito de Iguaçu alegam que a situação dos moradores atingidos pelo lago é sempre de tensão e insatisfação, com ameaça constante da perda das terras.
Os atingidos acusam a Suez de não respeitar seus direitos e ainda ameaçar as famílias com a retirada de mais 100 metros das propriedades em áreas ribeirinhas ao lado da usina.
Foto: Joka Madruga
Em municípios como o de Mariano Moro, Marcelino Ramos e Aratiba, no Rio Grande do Sul, onde os habitantes vivem quase que exclusivamente da produção agrícola ou estão de alguma forma ligados a ela, a população tem demonstrado grande revolta com os fatos ocasionados pela construção da usina de Itá, entre o RS e SC, também de autoria da Suez.
Entre as reclamações, sobressai-se a queixa pela inviabilidade de produção em áreas de terras próxima ao lago em função do efeito do espelho d água, que faz com que o reflexo da luz do sol no lago queime a plantação no entorno.
Mais grave do que isto é que a atual dona da usina Tractebel Suez está cercando o lago da barragem, em uma faixa dos 30 metros. Além disso, o IBAMA tem multado os agricultores pelo uso de outros 70 metros, inviabilizando a produção agrícola.
Se esta prática continuar, deslocará mais um contingente de famílias camponesas, comprometendo também pequenos comerciantes e o turismo regional, e, na prática, significará a privatização da água, já que a Tractebel é uma das maiores empresas do mundo em exploração da água.
Os atingidos permanecem mobilizados e realizarão outras atividades pela capital catarinense.