Atingidos ocupam e liberam pedágio no Vale do Ribeira, em SP

Cerca de 200 atingidos ocuparam e liberaram nessa manhã de sexta-feira (14) um pedágio localizado na Rodovia Régis Bittencourt, na BR 116, em Juquiá, próximo a Registro, divisa dos estados […]

Cerca de 200 atingidos ocuparam e liberaram nessa manhã de sexta-feira (14) um pedágio localizado na Rodovia Régis Bittencourt, na BR 116, em Juquiá, próximo a Registro, divisa dos estados de São Paulo e Paraná. Os manifestantes levantaram as cancelas e liberaram a passagem gratuita dos automóveis por cerca de três horas.

O ato teve resistência da polícia federal rodoviária que, num primeiro momento, interditou a rodovia nos dois sentidos, impedindo a passagem dos carros, motos e caminhões que circulavam por ali. O trânsito ficou caótico e, após a pressão e resistência dos atingidos e ameaçados, a via acabou sendo liberada pela polícia.

A principal intenção do ato foi a conscientização dos motoristas que transitavam pela rodovia acerca dos problemas da região que envolvem as pautas locais e nacionais, entre elas a criação de uma política nacional de direitos das populações atingidas por barragens.

 

Durante  ato, os atingidos abordaram outros temas como a própria questão da privatização das estradas e o preço dos pedágios. O pedágio ocupado pertence ao grupo ARTERIS que teve um lucro anual em 2013 de cerca de 2,8 bilhoes de reais.

De lá, os manifestantes seguiram pela rodovia até o centro do município de Registro. Novamente, a polícia interferiu, desta vez, revistando jovens atingidos que aguardavam a concentração na praça central do município. Rapidamente, o povo se uniu próximo ao local, no mesmo momento a equipe de segurança do MAB se mobilizou e foram dialogar com os soldados da polícia e os jovens foram liberados.

Os militantes seguiram em marcha pelas principais avenidas da cidade. Com faixas, cartazes e gritos de ordem, os atingidos e ameaçados apresentaram as pautas à população. Na marcha estavam presentes também companheiros de outros movimentos como o MST, Sintravale e organizações quilombolas.

Na terceira parte do Ato, os atingidos e atingidas ocuparam o escritório do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), com o objetivo de encaminhar oficialmente a pauta da região. Imediatamente a equipe de negociação realizou uma reunião com a responsável regional.

A conquista final da conversa foi de uma reunião com o superintendente do INCRA do estado de São Paulo, marcada para o final do mês de março, onde uma comissão do Movimento dos Atingidos por Barragens do Vale do Ribeira ira apresentar e negociar a pauta sobre a questão da regularização e titularização. Conquista que foi reafirmada em assembleia geral, em frente ao escritório do INCRA.

Segundo seu Zé, coordenador do grupo de base do MAB no Quilombo Nhunguara, a regulamentação da terra é muito importante. “Nós precisamos do título, com ele garantimos nosso direitos, é como se fosse nosso documento. Por exemplo, uma pessoa que anda na rua sem documento, pode ser presa pela policia a qualquer momento. Se uma dessas empresas mineradoras de ouro, por exemplo vem e tenta tomar nossa terra, podem conseguir, porque talvez eles tenham um documento “maior” do que a gente. Se for preciso a gente volta pro INCRA, pois a luta continua”, afirma.

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