O que representam o petróleo e o pré-sal para o Brasil?

ENERGIA Estima-se que, em 2020, os campos de produção no pré-sal produzam 2,1 milhões de barris de petróleo por dia   Alessandra Murteira do Rio de Janeiro (RJ) Brasil de […]

ENERGIA Estima-se que, em 2020, os campos de produção no pré-sal produzam 2,1 milhões de barris de petróleo por dia

 

Alessandra Murteira do Rio de Janeiro (RJ)

Brasil de Fato – Especial Energia

 

Mais do que nunca, o ouro negro brasileiro está sob a mira das multinacionais e dos imperialistas.

Com a descoberta do pré-sal, as novas reservas de petróleo já identificadas farão do país um dos oito maiores produtores do mundo.

Enquanto grandes nações petrolíferas, como Noruega, Reino Unido, México e Irã, vivem uma curva decrescente de produção, o Brasil é o país que mais rápido aumenta suas reservas no planeta.

Só com o volume de óleo recuperável do présal, o país poderá triplicar suas reservas provadas nos próximos anos, segundo estudos recentes da Secretaria de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia (MME).

 

Produção

 O governo prevê que já nos próximos sete anos o Brasil dobre sua produção de petróleo, que está hoje em torno de 2,2 milhões de barris por dia.

A Petrobras é responsável por cerca de 90% desse volume, mesmo após quase duas décadas de desregulamentação do setor.

Por isso, a estatal tem sido alvo constante da mídia e dos grupos econômicos privados, que fazem campanha cerrada para desestabilizar a empresa, de olho no pré-sal e nas novas fronteiras produtoras que serão postas a leilão nos próximos dias.

Desde que começou a explorar o pré-sal nas Bacias de Campos e de Santos, a partir de 2008, a Petrobras já extraiu 192 milhões de barris de petróleo.

Em abril, a produção no pré-sal chegou a 311 mil barris de óleo por dia e deverá alcançar um milhão de barris diários em 2017, segundo o Plano de Negócios e Gestão da empresa.

A estimativa é de que em 2020 os campos de produção da Petrobras no pré-sal produzam 2,1 milhões de barris de petróleo por dia, o que deverá representar 60% da produção brasileira.

 

Leilões

No entanto, em função dos leilões, que desde 1999 já lotearam 765 blocos de petróleo das nossas bacias sedimentares, diversas multinacionais continuam se apropriando dessa riqueza estratégica.

Pelo menos 75 empresas privadas já foram beneficiadas pelas nove rodadas de licitações realizadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) até 2008.

Metade delas são multinacionais que levam para fora do país o que produzem aqui, terceirizando atividades, precarizando condições de trabalho e expondo trabalhadores e o meio ambiente a riscos constantes.

“Além de ser uma questão de soberania nacional, o petróleo deve ser explorado de forma sustentável para gerar riquezas que sejam investidas em benefício do povo brasileiro, afirma João Antônio de Moraes, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Para ele, os leilões de concessão fazem exatamente o contrário: entregam o nosso petróleo para as empresas privadas e nações imperialistas, que se fartam no consumo de energia às custas da miséria que ainda atinge boa parte do planeta.

“Por isso, defendemos o controle estatal não só do petróleo, como de todos os recursos energéticos”, destaca Moraes.

 

O valor do pré-sal

 O pré-sal é um imenso e valioso reservatório de petróleo leve no fundo do mar, a sete mil metros de profundidade e a 300 quilômetros da costa brasileira.

Essa nova fronteira exploratória está encravada sob uma densa camada de sal, ao longo de uma faixa litorânea de 800 quilômetros, que se estende de Santa Catarina ao Espírito Santo.

É considerada a maior descoberta mundial de petróleo nos últimos 30 anos e foi anunciada pela Petrobras em 2007, após uma série de pesquisas geológicas.

O governo estima que o pré-sal contenha entre 70 e 100 bilhões de barris de petróleo. Isso significa multiplicar por seis as atuais reservas do país, descobertas ao longo dos 59 anos de existência da Petrobras.

Quase um terço dessa riqueza, no entanto, já foi entregue às empresas privadas, nos leilões de concessão realizados pela ANP antes de 2007. Segundo estudo do Dieese, dos cerca de 150 quilômetros quadrados de bacia sedimentar que formam o pré-sal, 28,03% foram licitados pela Agência.

Um dos principais beneficiados foi o empresário Eike Batista, que montou a petrolífera OGX especialmente para disputar a 9ª Rodada de Licitação, em 2007.

Com a ajuda de ex-executivos contratados da Petrobras, ele arrematou blocos valiosos na chamada franja do pré-sal, que multiplicaram a sua fortuna.

Multinacionais também adquiriram nos leilões áreas exploratórias do pré-sal, como as norte- americanas Exxon Mobil e Anadarko, a britânica BG, a espanhola Repsol e as portuguesas Galp e Petrogal.

Em 2007, o governo retirou dos leilões os blocos localizados no pré-sal e em dezembro de 2010 sancionou a lei que criou novas regras de exploração, garantindo o controle do Estado sobre essas reservas.

A Petrobras tornou-se operadora única do pré-sal, com participação mínima de 30% em cada bloco, e o modelo de exploração passou a ser o de partilha, que garante à União parte do petróleo produzido pelas empresas que participarem dos consórcios. No regime de concessão, que regula a exploração de petróleo no Brasil fora da área do pré-sal, as empresas ficam com tudo o que produzem.

(AM)

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