Ao lado da barragem de Belo Monte, Luz para Todos está abandonado

O Programa Luz Para Todos está abandonado no Assurini, região próxima da barragem de Belo Monte, em Altamira (PA). A distribuidora Celpa tinha até dezembro de 2012 para terminar a […]

O Programa Luz Para Todos está abandonado no Assurini, região próxima da barragem de Belo Monte, em Altamira (PA). A distribuidora Celpa tinha até dezembro de 2012 para terminar a obra, orçada em um milhão e oitenta e quatro mil reais, com 100 km de rede e ligação para 600 famílias. Isso corresponde a 10% da demanda de Assurini, uma área rural que tem hoje 6 mil famílias.

Mas a instalação não ocorreu. A linha mestra está pronta há quase um ano, as instalações nas casas estão concluídas, mas não foram instaladas as torres para a travessia da energia no rio Xingu. Nesse intervalo, a Celpa faliu e foi vendida para outra empresa, a Equatorial. Com prioridade para saúde financeira da empresa, o programa social está completamente abandonado em todo o Pará.

Ainda de acordo com moradores, por razões supostamente ambientais, a Celpa não cortou árvores enormes ao lado dos fios. “Até árvores secas eles deixaram”, contou Jocélio, um morador. Em diversos trechos da rede, caíram paus, os fios estão no chão, há até postes quebrados. Jocélio desabafou: “lá na barragem pode fazer o que quer, existe uma montoeira de pau, foi tudo derrubado”.

De vários pontos do Assurini se pode ver o clarão do canteiro de obras de Belo Monte, que funciona dia e noite, enquanto as famílias permanecem no escuro.

Os serviços de energia no Pará são extremamente precários. Enquanto no ano de 2012, o Brasil ficou em média 20 horas sem energia, os paraenses ficaram mais de 100 horas. A situação em Assurini será ainda pior. Quando a energia for instalada, os moradores vão pagar e vão ficar muito tempo sem energia. Os mais prevenidos dizem que não vão abrir mão dos seus motores a óleo.

Os moradores estão indignados, e se sentem abandonados pelos governos. Eles reclamam principalmente da falta de energia e das más condições das estradas: “A gente mora aqui por capricho, mas tem hora que dá desgosto, eu mesma já perdi um filho bem ali (apontando com o dedo), porque, quando adoece, não tem como sair”, disse d. Maria. Luís Pereira, que mora na Comunidade Nossa Senhora de Nazaré, disse que aguarda a energia há 33 anos. E já desacreditada, brincou, quando o sol despontava de manhã à frente de sua casa: “O Luz para Todos no Assurini é aquele lá”. 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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