Atingidos cobram do Comitê Gestor de Belo Monte medidas urgentes

Nesta manhã de 22 de março, cerca de 80 famílias atingidas pela barragem de Belo Monte e organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participam da Reunião do Comitê […]

Nesta manhã de 22 de março, cerca de 80 famílias atingidas pela barragem de Belo Monte e organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participam da Reunião do Comitê Gestor de Belo Monte, reunido em Altamira. No início, o Comitê não queria a participação dos atingidos, mas teve que aceitar pois as reivindicações são muitas e as famílias estão passando por uma situação dramática.

São centenas de famílias moradoras das áreas baixas da cidade que desde o dia 19 estão alagadas. Elas tiveram que ser deslocadas para o Ginásio Poliesportivo e para a casa de parentes. “O mais grave é que até agora eles não sabem onde irão morar depois da barragem construída. Essas áreas serão completamente inundadas e a Norte Energia está enganando e iludindo as famílias”, alertou Claret Fernandes, um dos coordenadores do MAB na região de Altamira.

Durante a reunião de hoje, o MAB entregou a pauta de reivindicações aos representantes do Comitê Gestor e também entregou um documento que reforça a posição do Movimento sobre a barragem de Belo Monte. Segundo o documento com a pauta, o MAB exige dos governos e da Norte Energia todas as condições para melhorar a vida da população atingida por Belo Monte e que o processo de deslocamento das famílias seja feito de forma participava, transparente e democrática para evitar a continuação do histórico de violação dos direitos humanos das famílias atingidas.

Um dos pontos centrais da reivindicação é o reassentamento urbano, principalmente para os moradores dos baixões da cidade que agora estão inundados com a cheia do rio Xingu. Eles cobram o direito de participação do povo em todo o processo de construção dos Reassentamentos Urbanos e Coletivos, desde a sua concepção até o seu completo acabamento, a começar pela realização de uma audiência pública.

 “A apresentação imediata das áreas destinadas aos reassentamentos é uma necessidade urgente. Serão destinados 500 milhões para o Comitê Gestor investir nos 11 municípios da área de abrangência de Belo Monte. Termos direito ao reassentamento não é um favor da empresa não, pois quem pagará este dinheiro todo é a população brasileira nas tarifas de energia e não a empresa”, pleiteou Claret na reunião.

Além disso, eles reclamam que não estão tendo informações coerentes sobre tamanho e tipo das moradias destinadas ao reassentamento. “Primeiro o pessoal da empresa veio aqui nos iludir, disseram que as casas seriam de vários tamanhos, dependendo do número de pessoas da família. Agora estão dizendo que será um tamanho único. Como vai caber uma família com sete pessoas ou mais numa casinha mínima?”, questionam os atingidos.

“O MAB está realizando um amplo processo de diálogo com os atingidos por Belo Monte no intuito de apresentar as demandas que são realmente importantes para a vida desta população”, finalizou Claret.

Entre as outras pautas dos atingidos está o direito à energia elétrica, o direito à moradia, à reforma agrária e a garantia do direito dos atingidos se mobilizarem. No último dia 13 de março, no dia anterior de uma grande assembleia que reuniu 500 pessoas em Altamira, a Norte Energia, dona da hidrelétrica, e o Consórcio Construtor de Belo Monte conseguiram na Justiça Estadual do Pará a expedição de um interdito proibitório contra o MAB e o Movimento Xingu Vivo. Pela decisão judicial os movimentos foram proibidos de fazer qualquer ação que interferisse no andamento da construção da barragem. Caso desrespeitassem a medida, a multa diária estabelecida seria de R$ 50 mil.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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