Antropólogo lança livro sobre resistência dos atingidos
Aconteceu na tarde desta sexta-feira (22) o lançamento do livro Prisão em Lajeado Pepino uma ação social contra a barragem de Machadinho, do antropólogo Aurélio Vianna Junior. O lançamento […]
Publicado 25/02/2013
Aconteceu na tarde desta sexta-feira (22) o lançamento do livro Prisão em Lajeado Pepino uma ação social contra a barragem de Machadinho, do antropólogo Aurélio Vianna Junior. O lançamento aconteceu no prédio da reitoria da Universidade Federal Fluminense e fez parte da programação do curso Energia e Sociedade no Capitalismo Contemporâneo, uma parceria entre o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR-UFRJ) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
O livro relata o processo de luta contra a barragem a partir do episódio da prisão de um funcionário terceirizado da obra pelos moradores de uma comunidade chamada Lajeado Pepino, em Paim Filho (Rio Grande do Sul), o que ocorreu em 20 de julho de 1987.
O autor destaca a importância do contexto em que ocorreu aquela luta, em que ainda havia resquícios da ditadura militar e a repressão aos movimentos sociais era muito forte. Na época, não havia negociação entre os atingidos e a empresa construtora da barragem, e a prisão foi uma forma de mudar isso, afirmou. Com a organização e a luta, os atingidos conseguiram mudar o eixo da barragem, impedindo que fossem alagadas as comunidades que participaram da mobilização.
Aurélio contou que a comunidade de origem polonesa de Lajeado Pepino chamou sua atenção por ser a mais engajada no processo de resistência. A pesquisa tornou-se seu projeto de doutorado em antropologia social pelo Museu Nacional da UFRJ.
Na época, a entidade organizadora dos atingidos era a CRAB (Comissão Regional de Atingidos por Barragens), um dos movimentos locais que culminou com a formação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organizado nacionalmente a partir de 1991. A CRAB foi importante para fazer com que as diferentes visões individuais ou comunitárias se tornassem algo coletivo que pudesse ser negociado com a Eletrosul, afirmou Aurélio.
Aurélio também destaca o papel dos indivíduos no processo, em especial dos jovens e das mulheres, fundamentais para a luta.
Nós, militantes, sabemos fazer a luta e precisamos de alguém que cumpra o papel de fazer o relato para construir a história, afirmou Ivanei Dalla Costa, da coordenação nacional do MAB.