Atingidos por barragens fazem assembleia e cobram por informações no norte de Minas
No último dia 2 de dezembro, domingo, aconteceu a primeira assembléia dos atingidos por barragem na comunidade de Funil, município de Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha. Em torno […]
Publicado 05/12/2012
No último dia 2 de dezembro, domingo, aconteceu a primeira assembléia dos atingidos por barragem na comunidade de Funil, município de Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha. Em torno de 100 atingidos vindos de 07 comunidades estiveram presentes na assembleia.
Segundo Aline Ruas, coordenadora regional do MAB, os moradores ficaram sabendo em meados de setembro que seria construído uma barragem naquela região, mas ninguém lhes apresentou o projeto. Foi os técnicos da empresa iniciaram a sondagem e os estudos sem autorização dos proprietários, que estão sem informações se a barragem seria para abastecimento de água ou para geração de energia. Os ribeirinhos como ficam, para onde vão se essas barragens forem construídas?, questiona Aline.
Em meados de novembro, pressionando por informações, os atingidos exigiram que as sondagens fossem paralisadas enquanto não soubessem, de fato, para que e para quem seria construída aquela barragem. Somente após a paralisação da sondagem que conseguiram informações da empresa. Ela se chama Alupar Investimentos SA, e é uma empresa privada que pertence a um grupo internacional de geração e principalmente transmissão de energia. Somente no Rio Araçuaí ela tem autorização de pesquisa para três Usinas Hidrelétricas, UHE Aliança, UHE Ivon e UHE Berilo.
Para o coordenador estadual do MAB, Moisés Borges, a violação dos direitos tende a aumentar. É um absurdo que empresas estrangeiras venham nos nossos rios roubar nossas riquezas e deixar a população com os prejuízos. O Vale do Jequitinhonha é muito rico e essas empresas querem se apropriar de tudo, das nossas águas, das nossas terras sem nenhum tipo de diálogo ou garantia dos direitos dos atingidos, declarou.
Durante a Assembléia foi apresentada aos atingidos a previsão das barragens para produção de energia na bacia do Rio Jequitinhonha, que já possui duas grandes usinas e tem a previsão para mais 18 obras, entre grandes e pequenas hidrelétricas. Além disso, as denúncias dos atingidos comprovam mais uma vez que a construção de barragens segue um padrão de violação dos direitos humanos.