Estudantes protestam contra a construção de barragem em MG

Manifestação é parte de um projeto pedagógico desenvolvido após reunião do MAB com professores Cerca de 1000 estudantes do ensino básico, fundamental e médio da cidade de Porto Firme, situada […]

Manifestação é parte de um projeto pedagógico desenvolvido após reunião do MAB com professores

Cerca de 1000 estudantes do ensino básico, fundamental e médio da cidade de Porto Firme, situada na Zona da Mata de Minas Gerais, protestaram na manhã deste sábado (16) contra a proposta da construção de duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no Rio Piranga. A manifestação, que tomou as principais ruas da cidade, também reuniu pais e professores e foi resultado de um projeto pedagógico desenvolvido por professores da Escola Estadual Imaculada Conceição que também envolveu a Escola Estadual Sólon Idelfonso e a Escola Municipal elisde Educação Infantil “Sossego da Mamãe”.

Durante a caminhada, flores foram jogadas no rio em homenagem as águas que cortam a cidade. Dentro do projeto pedagógico, além de entrevistar as famílias ameaçadas e fazer um extenso levantamento fotográfico da fauna, da flora, da biodiversidade, da produção de alimentos e do cotidiano das populações que terão suas condições de vida seriamente afetadas, os estudantes e professores alertam os moradores da zona urbana sobre os perigos de haver piora nas enchentes do Rio Piranga que já causam grandes prejuízos à cidade, como ocorreu em janeiro deste ano. Urnas foram espalhadas nas escolas e em vários outros locais onde os moradores podem opinar sobre o assunto votando SIM ou NÃO para as propostas das duas PCHs.

“O que temos visto é que a população tem se informado e se envolvido na discussão, a maioria sendo contra a construção das barragens. Tivemos caso de moradores, inclusive idosos, vindo à escola querendo votar dentro de sala de aula contra a construção porque estão preocupados com a piora das enchentes.”, afirma Maria Clarete Ribeiro Guedes, professora de biologia e uma das coordenadoras do projeto. Para ela, o MAB contribuiu nesta mobilização. “Nós decidimos preparar esta proposta pedagógica depois que membros do MAB fizeram reuniões com os professores da escola Imaculada Conceição nos alertando sobre os impactos da construção. Enviamos o projeto para a Superintendência de Ensino que foi aprovado imediatamente”, afirma Maria Clarete.

Para Talita Vitorino, uma das militantes do MAB que acompanharam a manifestação, esta foi uma iniciativa pioneira e que demonstra de forma muita clara o poder que a escola tem quando decide debater temas cruciais para o futuro como é a geração de energia. “Esse projeto pode ser resultado do nosso trabalho de base na comunidade, mas, sobretudo, é fruto do esforço dos estudantes e professores que entenderam seu papel transformador na sociedade. Agora a luta contra a construção destas duas barragens, que trarão grande devastação para esta cidade se forem feitas, ganha um novo fôlego com a participação decisiva da juventude”, afirma Talita.

As urnas de votação estarão espalhadas pela cidade até o dia 29 de junho. Os votos serão apurados por uma comissão de estudantes e professores e enviados para a Prefeitura, a Câmara Municipal e outros órgãos públicos e entidades no sentido de divulgar a opinião dos moradores e cobrar dos responsáveis que cumpram o dever de ouvir a população.
 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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