MAB socorre vítimas da seca no Nordeste

Diário do Nordeste

Por: Alex Pimentel

O alívio para centenas de famílias do Interior do Ceará, nesta época de estiagem no Nordeste, começa a chegar através do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB). Elas estão recebendo cestas de alimentos conquistadas pelo MAB junto ao Governo Federal. As cestas são fornecidas pela Companhia Nacional de Alimentos (Conab). Aracoiaba e Baturité, na região do Maciço e Jaguaribara, Jaguaretama, Alto Santo, Pontiretama e Iracema, no Vale do Jaguaribe são os municípios contemplados. Comida na mesa não vai faltar. Para os trabalhadores o auxílio chega em boa hora; bem antes da assistência emergencial prometida pela presidenta Dilma Rousseff e pelo governador do Estado, Cid Gomes, para minimizar os efeitos da seca.

De acordo com o militante e coordenador estadual do MAB, Josivaldo de Oliveira, mais de 1.6 mil famílias acabaram de receber no Ceará a primeira remessa distribuída pela Conab, através do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Os alimentos são de ótima qualidade, garante o articulador. Chegam através de um planejamento iniciado há 20 anos, mas somente a partir de 2005 liberadas pelo Governo Federal. Até o fim do ano as famílias cadastradas receberão mais cinco cestas. Por ironia são fornecidas exatamente para quem deu lugar à água, a construção de reservatórios, açudes, no caso do Ceará exclusivamente para reservas hídricas.

Um dos primeiros Municípios a receber as cestas foi Aracoiaba. As filas se estenderam até à noite no salão paroquial da Igreja da cidade. Carregar mais de 60 quilos nas costas era motivo de alegria para todos, explicou uma das coordenadoras estaduais do MAB e mobilizadora no município, Vanderleia Aparecida da Costa. Nessas horas, quando a fome aperta, qualquer prato se torna o mais saboroso do mundo. Segundo ela, com o feijão custando R$ 7,00 o quilo, o auxílio alimentar é crucial para as famílias. Mas outras também precisam. Pela estimativa da representante do Movimento, o ideal é atender 2,5 mil de atingidos pelas barragens no Ceará. Pelo menos, enquanto programas de sustentabilidade não são implantados.

“Água tem. O Açude Aracoiaba está com 82,75% de seu volume. Mas as políticas públicas solicitadas pelo MAB para sustentabilidade na zona rural ao longo de duas décadas ainda não foram implantadas. A luta é nacional, incluindo indenizações. No Nordeste, as famílias querem quintais produtivos e projetos de irrigação para produzir os seus próprios alimentos e até garantir renda econômica. Aqui não é diferente. Ninguém gosta de depender dos outros e se os nossos açudes tem tanta água porque a seca ainda continua sendo um grande tormento?”, questiona Aparecida da Costa.

Um dos técnicos agropecuários do MAB, Ednaldo Calixto, participou da distribuição das cestas de alimentos em Aracoiaba. Foi motivo de festa, mas para ele a comemoração será ainda maior quando os governantes realmente resolverem ouvir e atender quem mora no campo e depende dele para sobreviver. Existem muitas alternativas mas na opinião do técnico, atingidos por barragens também acabam sendo atingidos pela seca e, em um Estado onde a cada ano as reservas hídricas se fortalecem anda mais, não há motivo para se assustar com o fenômeno da irregularidade das chuvas.

Alimentos

8 cestas básicas serão distribuídas este ano para as famílias que residem no entorno das barragens no Interior do Estado.