Leonardo Boff e Marcia Miranda
Nesse Dia Internacional contra as Barragens, a favor dos Rios, da Água e da Vida venho a público para mostrar a nossa solidariedade e dar o nosso total apoio às […]
Publicado 13/03/2012
Nesse Dia Internacional contra as Barragens, a favor dos Rios, da Água e da Vida venho a público para mostrar a nossa solidariedade e dar o nosso total apoio às manifestações que estão sendo feitas no Rio de Janeiro e em outras partes do Brasil e até no mundo, pelos movimentos sociais e principalmente pelo MAB que em sua história de resistência e de luta tantos méritos tem acumulado.
Precisamos de energia suficiente para todos e de fontes limpas. Mas não à custa da penalização das populações e da devastação da natureza. O Estado e as empresas devem compreender que a energia mais importante que existe não é a energia elétrica mas é a energia humana. A energia não pode ser produzida sacrificando a energia humana, tirando-lhe os direitos, pagando indenizações injustas, criando desemprego e miséria nos assentamentos. É um engodo cadastrar como vem sendo feito sem regulamentar e assim dar corpo às decisões tomadas.
Os recursos não podem ser apenas destinados à produção material de energia, mas devem incluir, desde a elaboração dos projetos, tudo o que a energia humana necessita como infraestrutura digna, salvaguarda dos meios de vida e as compensações adequadas. Para tudo há orgãos que acompanham a execução das obras. Para os atingidos e ameaçados pelas barragens, para o mais importante, não existe nada. Nenhum fundo específico para equacionar os problemas humanos e sociais que são provocados pelas obras. Rejeitamos esta visão materialista e desumana de tratar os cidadãos. Achamos injusta a política de tarifas que é muito cara para os cidadãos e subsidiada para mais de 500 empresas.
Em nome de uma democracia inclusiva, apoiamos as exigências dos movimentos para serem incluidos nas discussões, nas decisões e na execução das obras. É a seiva que alimenta o tronco e a copa das árvores, seiva que está em baixo da terra. Nós, povo organizado, somos esta seiva indispensável sem a qual não há vida para as árvores.
Recusamos toda privatização dos bens comuns da Mãe Terra e da Humanidade como as águas, as sementes, os alimentos e a energia. Tudo o que é necessário para a vida pertence à vida e é vida. E a vida não pode ser uma mercadoria que vai para o mercado. É sagrada demais. Vale o grito: AGUA E ENERGIA NAO SAO MERCADORIA.
Estamos unidos nesta caminhada e nesta luta que honra nossa consciência cidadã e a Mãe Terra
Leonardo Boff e Marcia Miranda
pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis