UHE Santo Antônio coloca em risco ponte centenária da Madeira-Mamoré

A Santo Antônio Energia também foi responsável pelo desaparecimento do histórico Marco Rondon, que ficava localizado nas proximidades da barragem, à jusante do empreendimento Do Rondônia ao Vivo Mais um […]

A Santo Antônio Energia também foi responsável pelo desaparecimento do histórico Marco Rondon, que ficava localizado nas proximidades da barragem, à jusante do empreendimento

Do Rondônia ao Vivo

Mais um patrimônio histórico da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) está correndo risco de dano. Desta vez, no distrito de Jaci Paraná, distante cerca de 90 km de Porto Velho, a centenária ponte metálica da EFMM sobre o rio Jaci está sendo atingida pelo lago da Usina Hidrelétrica de Santo Antonio.

Faltando poucos centímetros para submergir na represa, nenhuma ação de preservação foi realizada pelo Consórcio Santo Antonio Energia para proteger a ponte que data sua construção do inicio do século passado.  Com o aumento do volume d’água que forçava a ponte sentido rio abaixo, há poucos dias a UHE Santo Antônio abriu um valão na cabeceira da ponte para aumentar a vazão do rio, assim como para transposição de pequenas embarcações. Trilhos foram arrancados e levados para lugar incerto.

Porém, esta vala aberta está colocando em risco a cabeceira da ponte de concreto que está sofrendo ação erosiva, podendo colocar risco  a trafegabilidade na BR 364. Se persistir o canal improvisado, pode ser necessária uma ação reparatória na cabeceira da ponte de concreto.

Patrimônio

A ponte de Jaci Paraná, assim como a de Mutum Paraná, foram importadas dos EUA no inicio do século passado. A de Jaci também é a ponte metálica com o maior vão livre existente no país, com 83,90 m.

A Santo Antonio Energia também foi à responsável pelo desaparecimento do histórico Marco Rondon, que ficava localizado nas proximidades da barragem, à jusante do empreendimento. A abertura das comportas provocou um forte banzeiro ( ondas no rio) que acabou levando boa parte do barranco, entre a UHE e o bairro do Triangulo. Como a empresa parece não ter previsto os impactos, também não promoveram a retirada do marco histórico, que acabou sendo levado pelo Rio Madeira. Uma operação de resgate do “obelisco centenário” foi realizada pela Santo Antonio Energia, porém apenas dois “cacos” da peça histórica foi resgatada.

O Iphan –Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Rondônia também parece não se antecipar aos fatos previstos. Assim foi na questão do Marco Rondon, assim está sendo no caso da ponte da EFMM.  Uma inércia danosa ao patrimônio, com o Iphan em Rondônia andando na contramão dos outros institutos Brasil afora. Basta lembrar a denuncia de roubos de peças do que nunca foi esclarecida. Não se tem notícia que foi feito um comparativo do acervo atual e o inventário oficial. Realmente, demonstra nenhum compromisso com a história, tendo o instituto se tornado um cabidal de empregos comissionados para militantes do Partido dos Trabalhadores no Estado.

Aumentando os danos

Acontece que com esta cota de 70,5 metros no reservatório já está havendo esta série de problemas que parecem não terem sidos previstos, imagina-se um quadro pior com o aumento do lago, já que a empresa supostamente não possui estudos de impactos ambientas e sociais para elevação do reservatório. Sem contar que os estudos vigentes estão se mostrando falhos.

Segundo informações, o Ministério Público em Rondônia, após publicação de artigo de jornalista que denunciou esta sandice, pediu documentação do Consórcio Santo Antônio Energia sobre os estudos de elevação. Também teria sido requerido do Usina de Jirau, documentos que comprovam que a elevação da cota de Santo Antônio pode causar danos estruturais na Usina que fica cerca de 100 km rio acima.

Uma carta encaminhada no ano passado ao então ministro Lobão e também ao diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sócios da Usina de Jirau, localizada a cerca de 100km de Porto Velho, afirmam que, ” a elevação da usina à jusante para a cota 71,3 m representa, ainda, graves riscos estruturais à UHE Jirau, que passará a não atender aos índices mínimos de segurança para sua operação”.

 E fazem uma previsão cataclísmica, “tal elevação comprometeria a segurança física das estruturas das casas de força e vertedouro de uma das maiores barragens do país, podendo acarretar um acidente sem precedentes, com severos impactos sociais, ambientais e financeiros”.

No distrito de Jaci Paraná, além do avanço do lago sobre áreas não previstas, também está ocorrendo a elevação do lençol freático no distrito. Poços estão com águas impróprias para o consumo. Uma situação que já aconteceu na cidade de Itapuã do Oeste, com a criação do reservatório para o lago da UHE Samuel. Na época, até o cemitério do município foi atingido. Em Jacy Paraná, reescreve-se a história de falta de planejamento. Reescreve-sea história de irresponsabilidade comercial em busca de lucro a qualquer preço.

Foto: Rondônia ao Vivo

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