Norte Energia não quer conversa com atingidos por Belo Monte
Trabalhadores da comunidade de Assurini, município de Altamira, representando aproximadamente 30 mil pessoas, foram ao escritório do consórcio Norte Energia no último dia 13 para pedir esclarecimentos sobre a construção […]
Publicado 16/02/2012
Trabalhadores da comunidade de Assurini, município de Altamira, representando aproximadamente 30 mil pessoas, foram ao escritório do consórcio Norte Energia no último dia 13 para pedir esclarecimentos sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. A região é atingida pela barragem e os moradores carecem de informações elementares, como por exemplo, até onde irá o lago da barragem.
A empresa força a gente a assinar documentos, ameaçando e dizendo que se não concordarmos, a Norte Energia tem outros meios, disse um morador. Uma funcionária do escritório da empresa chegou a despedir os trabalhadores, dizendo que deveriam voltar às suas casas, fazer um ofício solicitando uma reunião e que essas eram ordens de seus superiores.
Os camponeses tinham se levantado de madrugada, andado mais de 40 quilômetros em estrada de chão e resistiram até serem atendidos, depois de mais de uma hora de espera. Domingos Souza Matos, um dos trabalhadores atingidos, não gostou da recepção no escritório central da Norte Energia. Nós fomos muito mal recebidos, não temos acesso à informação e estamos sendo muito prejudicados, eu com meus filhos, meus netos. As seis mil famílias atingidas estão no caminho de grande perigo, e não temos explicação. Nós temos o direito à informação, afirmou seu Domingos.
Os trabalhadores buscam informações sobre o limite da água do lago, as propostas de negociação da empresa, a situação das áreas remanescentes, e sobre os impactos negativos de Belo Monte sobre as 30 mil pessoas que moram em Assurini.
Eles questionam também a exclusão das famílias atingidas por Belo Monte do programa Luz Para Todos e querem políticas públicas para a região, em especial para as áreas de educação, saúde e locomoção, além de solução na travessia do rio Xingu para acesso à sede do município. Hoje eles são obrigados a pagar taxas exorbitantes numa balsa de concessão privada. Eu pago 40 reais para vir e voltar da comunidade do Espelho até Altamira. O motorista me falou que sem a balsa a passagem ficaria em 30 reais, afirmou um morador.
Insatisfeitos com a empresa, os trabalhadores reivindicaram uma reunião da Norte Energia com as famílias da região de Assurini. A reunião ficou marcada para o dia 28 de fevereiro, na Agrovila Sol Nascente.