Movimento dos Pequenos Agricultores inaugura mercado popular no Espírito Santo
Nessa quarta-feira (9), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) comemora mais um conquista para o campesinato brasileiro, com a inauguração do Mercado Popular de Alimentos, no centro de São Gabriel […]
Publicado 10/11/2011
Nessa quarta-feira (9), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) comemora mais um conquista para o campesinato brasileiro, com a inauguração do Mercado Popular de Alimentos, no centro de São Gabriel da Palha (ES). Trata-se de um espaço onde os camponeses poderão vender diretamente sua produção para os consumidores, sem passar por nenhum atravessador.
Segundo Elias Alves, dirigente do MPA, “produzir alimentos saudáveis para o povo sempre foi uma tarefa levada muito a sério pelo campesinato. Comprovamos essa condição com o Censo de 2006, que mostra que 70% de todo alimento consumido no Brasil vem das pequenas propriedades. Os pequenos agricultores são responsáveis por hortaliças, grãos, pães, doces, carnes, gerando grande parte da comida que nos sustenta.”
“Para o campesinato, o fato de produzir nunca foi um problema: são gerações e gerações de homens e mulheres que conhecem o clima, os tratos cultuais, as sementes as técnicas de cuidar e produzir. No entanto, encontramos um grande desafio na comercialização, que hoje é totalmente dominada por mercados atravessadores que monopolizam a venda, e quase sempre agem com uma condição capitalista, desvinculando a relação de quem produz e de quem consome, apagando a figura do camponês. Além disso, o pequeno agricultor tem que se submeter à lógica capitalista e produzir apenas o que o mercado absorve, não criando autonomia”, diz Elias.
O mercado popular conta com espaço adequado para comercialização de hortifrutigranjeiros, artesanatos, materiais de limpeza e outros produtos, tudo produzido por camponeses das bases do MPA. O mercado popular funcionará de segunda a sábado seguindo os horários comerciais locais.
Foram quase quatro anos de intensas negociações e mobilizações no estado para que o mercado saísse do papel. Para Cristina Matielo, coordenadora do setor de projetos do MPA, o Mercado Popular de Alimentos representa a materialização da luta do Movimento. “Esse mercado vai passar longe da lógica dos mercados capitalistas. A intenção é criar uma relação de parceria com os consumidores urbanos, que poderão ter certeza que irão consumir alimentos sem agrotóxicos produzidos por famílias camponesas”.
O camponês Clóvis Conte, que faz parte do MPA, ressalta que o mercado será um grande centro de informações. “Contaremos com um banco de dados que registrará tudo que é produzido pelos camponeses do Movimento, sementes crioolas, doces, animais, assim as pessoas interessadas em algum produto, mesmo não estando nas prateleiras do mercado, poderão saber onde encontrar e buscar direto na fonte”, conta.
Cerca de 600 camponeses e moradores da cidade participaram do ato de inauguração que se realizou em frente ao mercado. Também participaram o vice-governador Givaldo Vieira, o secretário de Agricultura do estado, Enio Bergoli, representates dos movimentos da Via Casmpesina e diversas autoridades outras autoridades locais.