Movimentos realizam seminário da Plataforma da Energia em MG
Cerca de 70 pessoas, membros de diversas organizações sociais do campo e da cidade, participaram nos dias 17 e 18 de agosto de mais um Seminário da Plataforma Operária e […]
Publicado 19/08/2011
Cerca de 70 pessoas, membros de diversas organizações sociais do campo e da cidade, participaram nos dias 17 e 18 de agosto de mais um Seminário da Plataforma Operária e Camponesa da Energia em Minas Gerais, agora realizado na cidade de Ponte Nova, na Zona da Mata mineira. O evento também é parte da Jornada de Lutas promovida pela Via Campesina neste mês de agosto.
Na mesa de abertura, Antônio Claret Fernandes, militante do MAB, contribuiu na análise de conjuntura. Falou sobre a crise econômica internacional que classificou como estrutural e duradoura. Fez a relação da crise com a intensa exploração dos recursos naturais no Brasil, com a precarização e o corte dos direitos dos trabalhadores e com a violação sistemática dos direitos humanos onde estão sendo instalados grandes projetos industriais como siderurgia e mineração. Nosso grande desafio diante de tal cenário é a busca da unidade política para fazer as lutas e construir uma alternativa popular, afirmou.
Gilmar de Souza e Jobert Fernando de Paulo, diretores do SINDIELETRO (Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais) também contribuíram no debate. Gilmar trouxe o panorama da exploração dos trabalhadores na CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) e dos mecanismos que permitem a tarifa de energia em Minas ser uma das mais caras do mundo. Jobert trouxe o debate da Plataforma e dos doze pontos unitários entre as organizações que buscam fortalecer a construção do Projeto Popular Energético.
Na parte da tarde, a debate foi sobre a violação dos direitos humanos no campo e o preço abusivo das tarifas públicas. Fernanda Oliveira Portes, membro da coordenação estadual do MAB, trouxe o resultado do relatório da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) que mostrou que há um padrão de violação de direitos humanos na construção de barragens no Brasil, principalmente na vida das mulheres. Duas das barragens investigadas pelo CDDPH estão na Zona da Mata mineira: a PCH Emboque e PCH Fumaça.
Lucas Lemos, militante do MST, falou sobre a luta do movimento pela Reforma Agrária Popular e sobre a intensa criminalização daqueles que lutam para ter acesso à terra. Destacou a importância da unidade na luta e do fortalecimento da Via Campesina na região.
Júlia Raffo, da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte (AMES) falou sobre o preço abusivo das tarifas públicas, especialmente do transporte coletivo. Ela destacou os mecanismos ilegais usados por grandes empresas controladas por algumas famílias para cobrar valores exorbitantes no transporte. O transporte coletivo é um serviços essenciais para a população e é o que menos tem investimentos públicos. Ele deve ser um direito e não uma mercadoria. Precisamos envolver toda a população para buscar uma alternativa destacou.
Panfletagem agita a cidade contra o preço do transporte coletivo
Como forma de divulgar para toda a população os debates feitos no seminário, os participantes fizeram uma panfletagem na manhã da quinta-feira (18). Conversando com quase mil pessoas denunciaram o valor do transporte em Ponte Nova, que com o preço de R$2,20, tem uma das tarifas mais caras da região. Thiago Alves, membro da coordenação estadual do MAB, acredita que a partir da denúncia desta tarifa é possível ampliar o debate sobre os serviços básicos como direitos e não como mercadoria. Cada morador de Ponte Nova pode gastar mais de R$1.000,00 por ano se usar o ônibus apenas duas vezes durante os dias úteis. Vamos criar uma frente de movimentos para discutir isto na cidade, promover as lutas e ampliar o debate sobre as tarifas de outros serviços básicos como água e energia, afirmou.
Os participantes também escreveram uma moção de apoio à greve dos trabalhadores e trabalhadoras da educação em Minas Gerais, que vai completar 80 dias. O governo de Antônio Augusto Anastasia (PSDB) se recusa a negociar com o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) e vem tratando o movimento com descaso e truculência tendo apoio dos grandes meios de comunicação do estado.
Dia 248 haverá uma grande mobilização de movimentos do campo e da cidade para apoiar a greve. “A luta dos professores é uma luta de todos porque é a luta pela educação pública de qualidade. O governo estadual mais uma vez demonstra seu desprezo pelos trabalhadores. Vamos fazer uma grande mobilização em Belo Horizonte para mostrar que existe unidade em Minas Gerais contra o projeto neoliberal de Aécio e Anastasia”, afirmou Thiago Alves.