Famílias despejadas acampam em frente à prefeitura de Altamira

Cerca de 600 famílias estão acampadas em frente à prefeitura de Altamira (PA) para exigir o direito à moradia. Elas foram despejadas de duas ocupações urbanas entre ontem e hoje (10).

Uma das ocupações, no bairro de Alberto Soares, da qual participam 400 famílias, já sofreu três despejos antes desse. Um deles, ocorrido no final de junho, ocorreu sob forte repressão policial e resultou na prisão de 80 pessoas. A área é revindicada pela Eletronorte, construtora da hidrelétrica de Belo Monte, e pelo deputado estadual Domingos Juvenil (PMDB).

A outra, na estrada da Serrinha, conta com mais de 200 famílias. A área está em nome de um laranja, mas, de acordo com os movimentos sociais, também pertence ao político Juvenil.

Há uma terceira ocupação na cidade em vias de sofrer despejo no bairro de Mutirão. No total, as três ocupações contam com 1.088 famílias sem-teto, organizadas no Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD).

Esses processos refletem a pressão da especulação imobiliária intensificada pelo projeto de Belo Monte. Uma das primeiras e principais conseqüências da obra é o aumento abusivo nos preços dos aluguéis e venda de terrenos e casas na cidade e região, o que tem levado milhares de famílias a se organizarem e ocuparem terrenos vazios ao redor da cidade.

Mobilizações

Na semana passada, os movimentos e organizações que compõem a frente de luta contra Belo Monte, entre elas o MAB, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o MTD, o Levante Popular da Juventude, a Consulta Popular e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), conseguiram ofuscar o lançamento da operação “Cidadania Xingu”. Os movimentos denunciaram o caráter paliativo da ação, articulada pelo poder público para conter danos de Belo Monte.

No final de julho, os movimentos populares construíram um ato pelo direito à moradia e contra Belo Monte que reuniu cerca de 1000 pessoas. Os manifestantes marcharam no centro da cidade em direção à sede da Caixa Econômica Federal de Altamira e depois para a sede da Eletronorte, onde encerraram o ato.