Ao fim do seminário, movimentos reafirmam necessidade de luta e unidade contra a privatização da água
Com a certeza de que há muito trabalho pela frente para barrar o processo de privatização da água, os participantes encerraram o Seminário Internacional: Panorama político sobre estratégias de privatização […]
Publicado 22/07/2011
Com a certeza de que há muito trabalho pela frente para barrar o processo de privatização da água, os participantes encerraram o Seminário Internacional: Panorama político sobre estratégias de privatização da água na América Latina. Realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro nos dias 20 e 21 de julho, o seminário contou com a participação 120 de representantes de 50 entidades vindas de 13 países.
Nos dois dias do seminário, os participantes estudaram as estratégias capitalistas para o domínio da água e discutiram sobre a resistência dos povos em defesa da água como um direito humano. Uma constatação geral foi que o objetivo do capital é transformar a água numa mercadoria internacional para gerar lucro e acumulação privada ao capital. Esse processo se dá tanto pela apropriação das reservas estratégicas de águas superficiais e subterrâneas quanto pela privatização dos serviços de água.
Entre as denúncias feitas está a de que as grandes empresas buscam institucionalizar seu modelo e interesses dentro do Estado através de um conjunto de regras e normas, que posteriormente transformam-se em leis, acordos e tratados, em que o povo passa ser submetido e obrigado a segui-los, como se fossem de seus interesses.
Segundo Gilberto Cervinski, da coordenação do MAB, existe um movimento intenso de apropriação da água no saneamento, na geração de hidroeletricidade, no agro e hidronegócio, nos processos industriais e mineração, nas transposições de rios, nas concessões dos rios e lagos, na apropriação e comercialização das reservas de águas minerais. Entre os principais interessados neste processo estão grandes corporações, como Nestlé, Suez, Coca-Cola, Vivendi, Odebrecht, Camargo Correa, entre outras.
Para Gilberto, esse movimento do capital se legitima também pelo discurso da escassez e das secas e desastres ambientais. Esse discurso ideológico usado pelas grandes empresas e pelos meios de comunicação tem sido instrumentos de ameaça, chantagem e convencimento para impor seus interesses sobre os povos. Inclusive, para estabelecer um novo conceito à água, que passa ter valor de mercado, tal como propôs a Nestlé de transformar a água em commodities, onde seu preço seria definido na bolsa de valores, disse.
Os participantes latino-americanos e africanos trouxeram o relato de que experiências de privatização da água mostraram-se desastrosas, ineficientes e altamente prejudiciais aos povos de seus países. Altas tarifas, zonas de exclusão, baixa qualidade dos serviços e da água, interferência na produção de alimentos e contaminação das águas por venenos e resíduos industriais são os principais problemas enfrentados pela população. Países e regiões que viveram a experiência de privatização estão revertendo os processos para controle público.
Ao final do seminário foi elaborada uma síntese com as constatações sobre o atual momento político, sobre as estratégias do capital para apropriar-se da água e com os principais desafios da classe trabalhadora. Entre os principais desafios está o de enfrentar e derrotar todos os processos e tentativas de privatização da água e reverter os processos já privatizados.
Outro desafio enfatizado é o de apostar em processos unificados de luta dos povos para criar e ampliar a força social, em nossos países e a nível internacional, priorizando as lutas de massa, o trabalho de base, a unidade operária e camponesa, a formação política e a organização do povo. Além de realizar ações de forma articulada, de caráter nacional e internacional, visando laços de unidade e a integração solidária entre os movimentos, sindicatos, bairros, comunidades, igrejas e entidades.