O domínio da água é uma das estratégias das empresas para sair da crise, apontam painelistas
As estratégias capitalistas para o domínio da água foram o tema da segunda mesa do Seminário Internacional: Panorama político sobre estratégias de privatização da água na América Latina. Painelistas brasileiros […]
Publicado 21/07/2011
As estratégias capitalistas para o domínio da água foram o tema da segunda mesa do Seminário Internacional: Panorama político sobre estratégias de privatização da água na América Latina.
Painelistas brasileiros e latinoamericanos expuseram sobre a onda de privatizações que assola diversos países, entre eles o Brasil. Gustavo Castro, militante da luta anti-represas no México, explicitou que a privatização dos bens naturais acontece sob a ditadura do capitalismo, e que avança sobre a água desde o início da década de 90, mas com mais voracidade desde a criação do Conselho Mundial da Água, em 1996, cujo papel foi desenhar as estratégias de privatização da água em nível internacional.
Castro fez um resgate de como tem sido implementado este processo na América Latina, envolvendo a totalidade dos setores ligados à água, tais como a acumulação em barragens, o tratamento, a distribuição e o engarrafamento. Além disso, ele mencionou o papel dos meios de comunicação na criação de um discurso que justifique a privatização.
Outro painelista, Edson Aparecido da Silva, da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), trouxe vários elementos de como está acontecendo a privatização da água no Brasil. Além disso, trouxe um mapa dos municípios brasileiros que já pagam pelo uso da água para empresas privadas. Conforme dados da Agência Nacional das Águas (ANA) de 2010, no norte são 133 município, no sudeste são 29, no centro oeste são 33, no sul são quatro. A única região que ainda não paga pelo uso da água é o nordeste.
Edson Aparecido destacou que uma das conseqüências imediatas da privatização da água é a perda na qualidade dos serviços prestados pela comunidade e a terceirização dos serviços, com precarização das condições de trabalho dos trabalhadores do setor.
Para finalizar a mesa da tarde, Gilberto Cervinski, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), disse que a onda de privatização da água tem se intensificado no último período porque entra no rol de ações adotadas pelas grandes empresas para sair da crise. Para ele, o controle e apropriação dos recursos naturais, entre eles a água, é uma das principais estratégias usadas pelas empresas e aparece com o discurso da escassez e da melhoria do serviço.
Um dos enfoques dados é que o processo que estamos vivendo em muitas cidades do Brasil no que se refere à água é exatamente igual ao que aconteceu com a privatização da energia elétrica, processo no qual as empresas se apropriaram de um patrimônio público para concentrar a riqueza e gerar lucros. Ele aponta que no Brasil as empresas do setor elétrico são as mesmas que estão se apropriando da água, como a Odebrecht e a Suez. Essas empresas transformam a água em vários negócios, cujos maiores prejudicados são os trabalhadores e trabalhadoras pobres, que não terão condições de pagar pela água, pois o preço provavelmente será balizado pelo preço do petróleo, como acontece com a energia hidrelétrica.
Para amanhã (21) está previsto na programação do Seminário Internacional mesas sobre o processo de resistência em curso em vários países e apontamentos de linhas de atuação conjuntas entre os diversos movimentos sociais brasileiros e latino americanos.