Comunidade denuncia Eletropaulo por cobrança abusiva de energia
Os moradores do Jardim Julieta e da favela do Violão, na zona norte da cidade de São Paulo (SP) estão indignados com as cobranças abusivas feitas pela empresa AES Eletropaulo. […]
Publicado 19/07/2011
Os moradores do Jardim Julieta e da favela do Violão, na zona norte da cidade de São Paulo (SP) estão indignados com as cobranças abusivas feitas pela empresa AES Eletropaulo. De acordo com eles, o consumo indicado nas contas de luz não representa aquilo que de fato os moradores utilizam.
Uma das moradoras, por exemplo, mora em uma casa muito simples que possui apenas quatro cômodos. Tem como eletrodomésticos somente a geladeira, o chuveiro e as lâmpadas que iluminam os ambientes da casa e recebe uma conta de mais de R$ 550,20.
Esse caso é emblemático, mas não é o único na região. São muitas as contas que chegam com valores por volta de R$ 200, R$ 150, um consumo que não condiz com a realidade dessas famílias da periferia paulistana. Nós queremos pagar a energia elétrica, mas pagar o preço justo e também pagar o que nossa família consumiu, dizem os moradores.
Em reunião com representantes da empresa Eletropaulo, em 20 de maio, as líderanças da comunidade denunciaram as cobranças indevidas, pediram amortização das dívidas e reparos na rede elétrica. A Eletropaulo já havia se comprometido a trocar os medidores meses atrás, mas nada foi feito. Os moradores seguiram recebendo parcelas da dívida.
Quem paga a conta é o trabalhador
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) há muito tempo vem denunciando que quem paga a conta desse modelo energético é o povo brasileiro. As famílias atingidas pelas hidrelétricas são expulsas de suas terras, suas casas, na maioria sem indenização. Os trabalhadores das obras convivem com baixos salários e más condições de trabalho, em situações de degradação e violação dos direitos humanos, como exemplificam os casos que vieram à tona recentemente nas obras de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia.
Além disso, enquanto as obras são construídas com dinheiro público do BNDES, os trabalhadores brasileiros pagam a 3º maior tarifa de energia do mundo. Já para as grandes empresas, a conta é outra: enquanto as famílias em São Paulo pagam R$ 0,44 o KW, as empresas Vale do Rio Doce e Votorantim pagam menos de R$ 0,05 e consomem quase a metade da energia produzida no país.