Famílias atingidas produzem alimentos saudáveis em Minas Gerais

O processo de luta em Minas Gerais já tem garantido vitórias para os atingidos por barragens, principalmente na área da produção. Entre as conquistas, está a participação no Programa de […]

O processo de luta em Minas Gerais já tem garantido vitórias para os atingidos por barragens, principalmente na área da produção. Entre as conquistas, está a participação no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a construção de estufas para a produção de hortaliças e a participação no projeto de construção de cisternas no semi-árido mineiro. O objetivo é a melhoria da qualidade de vida e o fortalecimento da organização das famílias nas diferentes comunidades do estado.

Estes projetos são parte de uma proposta dos movimentos sociais, entre eles o MAB, de garantir a soberania alimentar para o povo brasileiro. A ideia é que os agricultores produzam alimentos acessíveis e saudáveis (livres de agrotóxicos), estando o consumidor no campo ou mesmo nas cidades.

“Estamos fortalecendo a produção dos atingidos na escolha de como, o que e quanto plantar e para onde vender, de modo que o projeto que propomos é totalmente contrário ao do capital, que se concretiza nas ações do agronegócio, fazendo dos alimentos uma mercadoria, usando altíssimas quantidades de venenos sem qualquer tipo de preocupação com o solo, rios, vegetação, animais e principalmente com a vida dos agricultores”, conta Cauê Melo, militante responsável pelo andamento dos projetos no estado.

Regiões Beneficiadas

Na região de Ponte Nova, na zona da mata mineira, 31 famílias atingidas fizeram a segunda entrega de alimentos para escolas e entidades que acolhem pessoas carentes nas cidades. José Gilberto Clemente Frade, atingido pela barragem de Granada e produtor rural, é um dos beneficiados pelos projetos do Movimento. “O PAA é uma forma de venda facilitada da produção com um pagamento justo, além disso, há uma gratificação grande com a possibilidade de fornecer alimentos para entidades de educação e caridade”, afirma o agricultor.

Ainda na zona da mata, famílias atingidas pela barragem de Fumaça estão produzindo hortaliças em estufas. Estas são construídas em mutirão com auxilio de um fundo cedido pela própria comunidade, a capacidade da estufa é de 800 pés de alface, que são vendidos a R$0,90 a unidade. “Há o aproveitamento de materiais disponíveis na região, principalmente o bambu e a madeira, com o objetivo de baratear os custos, de modo que cada estufa custa em média R$500,00”, afirma Claudiano, atingido pela barragem de Fumaça.

Na região norte do estado, os atingidos pela barragem de Berizal iniciaram a primeira etapa do projeto de construção de 178 cisternas no semi-árido mineiro. “As famílias organizadas no MAB usaram do trabalho coletivo para a cava do buraco, além disso, os pedreiros capacitados saíram das próprias comunidades”, informa Francisca Maria Sousa, atingida pela barragem de Berizal.

A perspectiva é de ampliar cada vez mais o número de famílias em tais programas com o objetivo de fortalecer as famílias e a organização do Movimento dos Atingidos por Barragens na construção de um Projeto Popular para o Brasil.

 

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