Saiba mais sobre as barragens na bacia do rio Uruguai

A bacia do rio Uruguai, entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tem grande potencial para geração de energia hídrica, sendo considerada pelas empresas do setor elétrico como estratégica na geração de eletricidade. Por isso, se tornou um dos territórios brasileiros em disputa, que o capital internacional quer controlar.

Essa é a avaliação de lideranças do Movimento dos Atingidos por Barragens, que tem se aprofundado na análise do setor elétrico naquela região. A bacia do rio Uruguai tem aproximadamente 384.000 Km², dos quais cerca de 176.000 km² situa-se em território brasileiro. Abrange 384 municípios do estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, possuindo ali uma população de 3.800.000 habitantes.

O potencial para geração de energia hídrica da bacia é de cerca de 12.816 MW, significando 5,1% do potencial nacional. Deste total, 6.482 MW estão inventariados, 1.152 estimados e 5.182 MW já estão sendo gerados em sete grandes hidrelétricas: Passo Fundo, Itá, Machadinho, Barra Grande, Campos Novos, Monjolinho e Foz do Chapecó.

Vários outros projetos estão em processo acelerado para liberação e implementação, com prioridade para as hidrelétricas de Itapiranga, Garabi, Pai Querê, Garibaldi e São Roque, além de dezenas de pequenas centrais hidrelétricas que estão em estudos e provavelmente receberão suas licenças de instalação.

Este grande número de barragens está transformando a bacia num imenso lago, com o final da área de alague chegando bem próximo ao muro da barragem seguinte, rio acima, como uma escadaria.

O lucro

As sete hidrelétricas já construídas, em grande parte com recursos públicos do BNDES, geram energia equivalente a 1.600 barris de petróleo por hora, ou 14 milhões de barris por ano ou ainda 424 milhões de barris de petróleo em 30 anos. Porém, a hidroeletricidade é três vezes mais eficiente e portanto estes valores devem ainda ser multiplicados por três. “Considerando que a água é uma fonte renovável, a bacia do rio Uruguai funciona como um grande poço de petróleo que nunca acaba”, afirmam as lideranças do MAB.

E o lucro dessas barragens é enorme, juntas geram por ano R$ 3,2 bilhões. Durante 30 anos (tempo da concessão) vão gerar aos seus ‘donos’ nada menos que R$ 95 bilhões. Os demais 7.459 MW que ainda não foram explorados poderão gerar mais 4,57 bilhões de reais por ano ou 137 bilhões de reais em 30 anos, somente com o negócio da geração, sem contar a transmissão e a distribuição da energia.