Encontro discute danos do modelo energético às mulheres

Na manhã desta quarta-feira (06/04), as participantes do Encontro Nacional das Mulheres Atingidas por Barragens tiveram um espaço de formação sobre a questão energética brasileira. Soniamara Maranho, da coordenação nacional […]

Na manhã desta quarta-feira (06/04), as participantes do Encontro Nacional das Mulheres Atingidas por Barragens tiveram um espaço de formação sobre a questão energética brasileira. Soniamara Maranho, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens, destacou os danos que as mulheres sofrem com a construção de barragens.

Soniamara ressaltou a importância das mulheres atingidas entenderem a atual conjuntura do modelo energético brasileiro. Segundo ela, o processo de construção de hidrelétricas agride fortemente as mulheres das comunidades. Elas são exploradas de diversas maneiras, porque o processo capitalista não é pensado para as mulheres, mas sim para um pequeno grupo da sociedade.

A fala de Soniamara remete ao Relatório da Comissão Especial “Atingidos por Barragens”, lançado pelo Movimento em um ato político ontem (05/04) e aprovado pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana em novembro do ano passado. O relatório reconheceu que as mulheres são atingidas “de forma particularmente grave e, via de regra, encontram maiores obstáculos para a recomposição de seus meios e modos de vida; […] não têm sido consideradas em suas especificidades e dificuldades particulares”, e por isso “têm sido vítimas preferenciais dos processos de empobrecimento e marginalização decorrentes do planejamento, implementação e operação de barragens”.

“As mulheres são as principais vítimas de obras de barragens no Brasil, o problema delas é invisível para a sociedade capitalista”, declarou Soniamara.

Pressão

Cleonira dos Santos, atingida pela barragem de Barra Grande, deu um depoimento para o site do MAB que ilustra o que Soniamara falou na plenária do encontro. Cleonira contou que as mulheres sofreram mais pressão que os homens no processo de resistência à implantação da barragem, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Como muitas mulheres da comunidade eram analfabetas, já que “foram criadas para cuidar da casa”, a empresa responsável pela obra as pressionava para assinarem documentos sem ler.

Além disso, as mulheres tiveram bem mais dificuldades para conquistar o direito de reassentamento, por não terem, em sua maioria, documentos que comprovavam sua vinculação com a terra. “No meu reassentamento tem seis rapazes [solteiros] e nenhuma moça. Da minha comunidade, uma só conseguiu indenização.”

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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