Novelis pagou R$238,83 de indenização para famílias atingidas por barragens

Hidrelétricas geram energia para lucro das empresas e deixam a população atingida na miséria. Um caso emblemático é a barragem de Fumaça, construída pela transnacional Alcan, hoje Novelis, no Rio […]

Hidrelétricas geram energia para lucro das empresas e deixam a população atingida na miséria.

Um caso emblemático é a barragem de Fumaça, construída pela transnacional Alcan, hoje Novelis, no Rio Gualaxo do Sul, entre Mariana e Diogo de Vasconcelos, na Zona da Mata Mineira. Essa barragem prejudicou a sobrevivência de mais de 2000 trabalhadores, entre artesãos, proprietários, meeiros, garimpeiros, tiradores de areia e diaristas. Em operação há mais de 6 anos, vem alimentando a indústria de alumínio da empresa na histórica cidade de Ouro Preto. Por ocasião do dia 14 de Março, Dia Internacional de Luta contra as Barragens, dezenas de famílias atingidas acamparam junto à barragem, onde pretendem ficar por tempo indeterminado até conquistar seus direitos.

A categoria de diaristas, uma atividade importante no sustento da agricultura familiar e muito comum na região, foi drasticamente prejudicada. Impondo critérios de tempo de serviço, jornada e esforço para efeito de indenização, os trabalhadores receberam quantias irrisórias. Os números são reveladores: dos 456 diaristas efetivamente reconhecidos como atingidos, 177 não receberam absolutamente nada; 71 receberam apenas R$ 238,83 reais; dois trabalhadores receberam R$ 2.400 reais. O valor mais alto foi da Sra Eva Celestina dos Santos, que teve uma indenização de R$ 4.576,00.

O Sr. José Maria, diarista, está entre os que receberam R$ 238,83. Indignado, ele é um dos que participam do acampamento organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens perto da barragem da Fumaça. Ele diz que está confiante na luta e organização do movimento. Explica que vai “acampar com todo mundo unido pra ver se conquistam os direitos”. E confiante, completa dizendo que vai ficar acampado “até quando for necessário, até quando tiver nosso reassentamento”.

O acampamento do MAB prossegue por tempo indeterminado e espera que o INCRA, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, faça o cadastramento das famílias atingidas sem terra. Serão dias de formação e fortalecimento da luta dos atingidos pela conquista de seus direitos, da busca de um novo modelo energético em vista da construção de um Projeto Popular para o Brasil.

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