Samarco ignora atingidos e Ministério Público em Barra Longa
A Samarco Mineração demonstrou mais uma vez, na tarde desta quarta-feira (16), o que pretende fazer em toda a bacia Rio Doce tendo nas mãos um acordo feito sem a […]
Publicado 17/03/2016
A Samarco Mineração demonstrou mais uma vez, na tarde desta quarta-feira (16), o que pretende fazer em toda a bacia Rio Doce tendo nas mãos um acordo feito sem a participação dos atingidos. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) organiza em Barra Longa, desde o dia da tragédia, um processo de negociação em que os atingidos são os protagonistas.
Neste sentido, reuniões de negociações entre a Samarco e os atingidos, acompanhadas pelo Ministério Público, acorrem quinzenalmente buscando criar um espaço coletivo de apresentação de demandas que na cidade envolvem acesso à verba manutenção, indenizações justas e os planos de recuperação da cidade.
Porém, quebrando acordo feito em reunião anterior, a mineradora ignorou as demandas dos atingidos, mandou dois funcionários desconhecidos totalmente desinformados para a reunião sem apresentar nenhuma explicação clara para os representantes do Ministério Público Estadual e Federal que estavam presentes.
Para o Procurador da República Edmundo Dias, o acordo feito sem a participação dos atingidos, sem ouvir as comunidades tradicionais e os povos indígenas, como preconiza leis internacionais, deu poder a mineradora de ignorar os atingidos. Agora ela diz que só vai conversar de forma setorial, em reuniões realizadas por ela cuidando dos casos individualmente. Isto é uma violação de direitos, afirma.
Os atingidos transformaram a reunião de negociação em uma assembléia geral e repudiando a atitude da empresa que vai favorecer a dispersão entre as famílias. Eles decidiram não aceitar esta posição e exigiram que ela retorne a mesa de negociação em 15 dias. Uma pauta de reivindicações foi elaborada e assinada pelos atingidos e pelo Ministério Público Federal. Somente a empresa não quis assinar. A funcionária enviada para a reunião se limitou a dizer que não tinha autorização.
Estamos indignados. Na próxima reunião queremos discutir a saúde da população, queremos respostas definitivas sobre a entrega do cartão subsistência e os planos de recuperação da cidade. E não aceitamos mais o abuso da Samarco que nos nega documentação de suas respostas. Ela liga para o celular dos atingidos em número oculto para informar que vai negar nossos direitos. Por isto ela não veio na reunião. Se ela não voltar vamos mostrar o que o povo mobilizado é capaz para garantir os seus direitos, conclui Odete Ribeiro, atingida em Barra Longa.