“Esquecidos” por Belo Monte conquistam direito ao cadastramento

Após um ano de lutas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), as 400 famílias moradoras do bairro Independente 2, na cidade de Altamira, vão ser reconhecidas como atingidas pela hidrelétrica de Belo Monte e terem o direito ao reassentamento ou indenização. A conquista foi anunciada pela presidenta do Ibama, Marilene Ramos, durante reunião com as famílias na tarde desta quinta-feira (5 de novembro).

“Não vai haver licença de operação [para Belo Monte] se esse processo não se iniciar, se vocês não tiverem um tratamento digno”, afirmou Marilene. Segundo ela, o órgão não tinha conhecimento do caso do bairro até setembro deste ano, embora a Norte Energia tivesse solicitado a licença de operação para iniciar o enchimento do lago já naquele mês. As famílias do Independente 2 moram em uma área de lagoa, abaixo da cota 100 (referência para remoção dos atingidos), e a Norte Energia nunca havia feito sequer o cadastro socioeconômico dessas famílias.

A única solução apresentada pela empresa para o bairro até o momento era um projeto de drenagem, o que a presidenta do Ibama considerou “arriscado”. “Como engenheira civil, sei da dificuldade que é para uma prefeitura, especialmente do interior, manter um sistema como esse, que liga a bomba quando o reservatório enche e desliga quando esvazia. O Ibama colocou para a ANA [Agência Nacional de Águas] que não considerava apropriado”, afirmou.

As famílias organizadas no MAB vêm lutando para serem reconhecidas como atingidas e denunciando a falsa solução do projeto de drenagem apresentada pela Norte Energia. Foram feitas inúmeras marchas, protestos, reuniões e fechamentos de rodovia.  “Agradecemos ao MAB e principalmente a cada uma das famílias que está aqui, que acreditou na luta”, afirmou Elaine, moradora do bairro e coordenadora do MAB.

Iury Paulino, militante do MAB, agradeceu o empenho dos representantes da Casa de Governo em Altamira, Avelino Ganzer e Márcio Hirata, para o andamento da pauta. E pontuou: “nós vamos continuar cobrando, pois essa luta não pára por aqui”.

A presidenta do Ibama também citou o caso do bairro Independente I. Ontem, uma comissão de moradores daquele bairro (também em área de lagoa), foi até a prefeitura de Altamira para saber de sua situação. Segundo ela, o bairro está em uma cota mais alta, mas também será monitorado e, se houver alagamento com a barragem, o Ibama poderá intervir. 

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