MAB doa arpillera para o Memorial da América Latina
Na tarde desta quinta-feira (22), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) doou uma das 26 arpilleras da exposição Arpilleras: bordando a resistência para o acervo permanente do Memorial da […]
Publicado 23/10/2015
Na tarde desta quinta-feira (22), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) doou uma das 26 arpilleras da exposição Arpilleras: bordando a resistência para o acervo permanente do Memorial da América Latina. A doação aconteceu durante cerimônia com a presença do presidente da Fundação do Memorial, João Batista de Andrade, da diretora Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, Marília Franco, e dos integrantes da coordenação nacional do movimento.
A peça doada foi a arpillera Mulheres, Água e Energia Não São Mercadorias, que representa a participação política e presença no espaço público como direito conquistado pelas atingidas. Na arpillera estão presentes as condições para que a participação das mulheres seja real: um homem com uma criança no colo representa a necessidade de dividir o trabalho doméstico e de cuidados; os espaços próprios de auto-organização das mulheres no movimento possibilitam seu empoderamento; autonomia financeira para poder tomar as própria as decisões; a reivindicação do direito de lutar e não ser criminalizada e o acesso a políticas públicas como transporte e educação.
Também na cerimônia houve a doação da peça Cueca Sola, arpillera da coleção de Roberta Bacic, também exposta no Memorial na exposição Arpilleras dialogantes. A arpillera chilena representa a resistência das mulheres que perdiam seus familiares durante a ditadura.
A exposição é resultado do trabalho feito por mais de 900 mulheres organizadas no MAB, em vários estados do País. Nessa metodologia de trabalho popular, baseada na tradição chilena em que as mulheres usaram a costura para denunciar a ditadura de Pinochet, as atingidas bordam a sua história, e nisso denunciam as violações causadas a partir da construção de barragens em suas vidas.
As arpilleras foram construídas a partir de discussões e trabalho coletivo em oficinas que debatiam as questões de gênero e direitos das mulheres, aliando o debate do feminismo com o debate das graves violações de direitos advindas da construção de barragens no Brasil, onde já é constatado que as mulheres são as mais afetadas nesse processo.
A exposição, que teve inicio no dia 25 de setembro e se encerra no próximo domingo 25 de outubro no Memorial da America Latina, tem cumprido um importante papel de diálogo com a sociedade no sentido de denunciar as violações dos direitos com a implementação dessas grandes obras.