Documentário revela consequências da terceirização no setor elétrico

Lançado na última sexta-feira (02) em Belo Horizonte (MG), o documentário “Dublê de Eletricista” mostra as consequências trágicas do processo de terceirização dentro da categoria dos eletricitários

Na última sexta-feira (02), o Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro) realizou o lançamento do documentário “Dublê de Eletricista”, no auditório da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte (MG).

O documentário “Dublê de eletricista” conta o drama do eletricista terceirizado da Companhia de Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), Lúcio Nery de Souza, que se sofreu um acidente no ano de 2013. A história revela o que está por trás do processo de terceirização no setor elétrico brasileiro.

A riqueza da Cemig, maior empresa pública do Estado de Minas Gerais, é construída por um exército de trabalhadores anônimos, muitos deles terceirizados. São postos de trabalho precarizados, com salários rebaixados, jornadas de trabalho extenuantes, falta de qualificação profissional e acidentes. O destino de várias famílias de vítimas de acidentes de trabalho é conviver com a dor e o abandono.

O setor elétrico brasileiro é um dos maiores responsáveis por mortes em acidentes de trabalho. Dados da Fundação COGE revelaram a ocorrência de 964 mortes de trabalhadores do setor entre os anos 2001 e 2013 – sendo 782 (81%) de terceirizados, e 182 do quadro próprios das empresas concessionárias. No mesmo período, foram registrados aproximadamente 9.700 acidentes típicos com afastamento, o que inclui um elevado número de mutilações.

O documentário é atualíssimo, pois apesar das denúncias e dos compromissos assumidos pela Cemig e pelo governador do estado, Fernando Pimentel, o quadro de descaso com os trabalhadores permanece o mesmo. Na Cemig, apenas em 2015, ocorreram quatro acidentes fatais, todos com trabalhadores terceirizados à serviço da empresa. No mês de setembro, ocorreram mais dois acidentes graves com terceirizados. Uma das vítimas está internada no Pronto Socorro João XXIII, na capital mineira, após ter braço e perna amputados e ainda correr risco de morte. Infelizmente, o outro eletricitário não resistiu aos ferimentos e faleceu na madrugada da última segunda-feira (28).

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) esteve presente e discutiu, juntamente com os eletricitários, a importância de fazer a luta unificada para que uma nova ordem seja estabelecida, na qual a riqueza do trabalho seja distribuída aos próprios trabalhadores. Energizados pelas palavras dos companheiros presentes e pela lembrança daqueles que sofrem diariamente a mutilação do corpo e da alma, como mencionado pelo diretor do Sindieletro, o MAB convocou os três companheiros presentes para estarem no Seminário Estadual sobre Petróleo, Educação Indústria, que ocorre no dia 24 de outubro em Belo Horizonte, para construir as saídas unificadas dos movimentos populares para esta e outras questões relacionadas com a energia no Brasil. 

Confira o documentário: