Camponeses ocupam sede da DuPont Pioner, em Goiás
Cerca de 1.500 camponesas e camponeses ocuparam a sede da empresa DuPont Pioneer para protestarem contra a venda de sementes geneticamente modificadas para a agricultura. do MPC Cerca de 1.500 camponesas […]
Publicado 02/10/2015
Cerca de 1.500 camponesas e camponeses ocuparam a sede da empresa DuPont Pioneer para protestarem contra a venda de sementes geneticamente modificadas para a agricultura.
do MPC
Cerca de 1.500 camponesas e camponeses ocuparam na manhã desta sexta-feira, 02 de outubro de 2015, a sede da empresa DuPont Pioneer em Catalão (GO), para protestarem contra a venda de sementes geneticamente modificadas para a agricultura. O grupo é composto por integrantes do Movimento Camponês Popular, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento das Mulheres Camponesas, Movimento dos Atingidos por Barragens, Levante Popular, MOTU e Movimento dos Atingidos pela Mineração.
Denúncia
A DuPont Pioneer comercializa sementes de soja e milho transgênicos e alega que são mais produtivas e, portanto, vantajosas para os produtores. Contudo, os camponeses e camponesas questionam esta premissa, além de denunciarem que seu uso teria diversas consequências negativas. Dentre elas, impactos para a saúde humana, para o meio ambiente e dependência dos agricultores com relação às empresas vendedoras.
As sementes transgênicas, por outro lado, são patenteadas pelas empresas e geram plantas estéreis, o que força os produtores a adquiri-las novamente a cada nova safra. Além disso, a modificação genética é feita para que as plantas necessitem de agrotóxicos específicos para se desenvolverem. Assim, são comercializadas em um mesmo pacote as sementes e os agrotóxicos recomendados, aprofundando a dependência do produtor com relação às tecnologias desenvolvidas pelas grandes empresas.
Os movimentos camponeses denunciam, ainda, que o uso generalizado dos agrotóxicos prejudica o meio ambiente, ao exaurirem a terra de seus recursos naturais e exterminarem espécies animais e vegetais em vastas regiões próximas à lavoura.
O uso destes produtos é proibido em muitos países. No entanto, no Brasil, estas grandes empresas foram capazes de derrubar leis que coibiam sua comercialização. Para isso, contaram com a ajuda de uma numerosa bancada no Congresso Nacional, que se elege graças ao dinheiro doado por estas mesmas empresas. Prática considerada ilegal, na semana passada, pelo Supremo Tribunal Federal.
Reivindicação
As famílias camponesas passam várias gerações selecionando e cruzando as próprias sementes, em um processo que garante a produtividade de suas espécies. Na sucessão destes ciclos de semeadura e colheita, elas tem garantida a autonomia sobre sua produção, justamente devido à possibilidade de reproduzirem e armazenarem as sementes crioulas.
Como forma de divulgar esta resistência e de mostrarem à sociedade que as sementes crioulas e a produção agroecológica são produtivas e viáveis, os movimentos camponeses realizam em Catalão, desde quarta-feira, a II Feira e Festa das Sementes, Mudas e Raças Crioulas. Ocasião para a qual reuniram camponesas e camponeses de diversos estados brasileiros para trocarem suas sementes e mudas crioulas.
A reivindicação das camponesas e camponeses é que se tenha rigidez na legislação para proibir a produção de transgênicos e a proibição do uso de agrotóxicos no Brasil.