No PA, oficina de mulheres discute direitos em Rurópolis
A oficina Direitos das Mulheres Atingidas por Barragens aconteceu dos dias 31 de julho a 1 de agosto na cidade de Rurópolis, no Pará. Cerca de 15 mulheres se reuniram […]
Publicado 10/08/2015
A oficina Direitos das Mulheres Atingidas por Barragens aconteceu dos dias 31 de julho a 1 de agosto na cidade de Rurópolis, no Pará. Cerca de 15 mulheres se reuniram na comunidade São João Batista Km 122, no espaço da escola Monte Castelo.
A atividade faz parte do calendário de oficinas que estão acontecendo na região do rio Tapajós, com objetivo de discutir o processo de organização das mulheres, os grandes projetos e a conquista de direitos, a fim de fortalecer a luta por políticas públicas e ajudar no fortalecimento das associações de mulheres e os diversos movimentos feministas que existem nessa região. O MAB vem contribuindo com esse debate em parceria com as organizações que fazem parte do coletivo de mulheres do Tapajós formado por lideranças das seguintes organizações: Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Itaituba, Comissão Pastoral da Terra, COODETER, FETAGRI, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Aveiros, GAMI, Associação de Mulheres do Campo e da Cidade de Rurópolis.
No primeiro dia foi apresentado o objetivo do encontro, onde a Dona Ana Alves, presidente da Associação de Mulheres do Campo e da Cidade do município de Ruropolis (MCC), explicou que a reunião foi marcada na comunidade de São joão Batista pelo fato de que a comunidade vem contribuindo no processo de organização da associação, e também, para as formações não se realizarem apenas na cidade, onde as mulheres enfrentam dificuldades de deslocamento já que para participarem dos encontros teriam que passar dois dias fora da comunidade.
A oficina realizada tratou sobre o tema dos grandes projetos pautados para a região: barragens e portos. As barragens afetarão diretamente a vida das famílias. Essa é uma das principais preocupações das comunidades por estar relacionada ao inchaço populacional e às dificuldades que enfrentaram com relação à falta de políticas públicas.
A questão dos portos é outro assunto que levantou questionamentos dentre alguns participantes. Há a preocupação com as filhas jovens que moram na comunidade, já que existe um grande fluxo de carretas que passam todos os dias na transamazônica ( estrada que passa em frente à comunidade). As obras de asfaltamento do governo federal também foram discutidas já que aumentam a poeira, prejudicando a saúde dos moradores, principalmente as crianças e idosos.
As precariedades no acesso à saúde e educação também preocupa.
Falta posto de saúde na comunidade para atender as pessoas. Quando alguém passa mal é preciso levar para Rurópolis. A escola que existe é pequena de mais para atender a demanda dos alunos. Tem que aumentar o número de salas de ensino médio regular, reclama a professora Marleide Ramos Rodrigues.
As mulheres também citaram que pagam por algo que não tem. Um exemplo é a taxa de iluminação pública , que além de ser alta não existe. Afirmam que seus direitos estão sendo negados e violados.
É lutando que a comunidade terá seus direitos garantidos. É preciso formar uma comissão para exigir dos órgãos responsáveis que se cumpram exigências dos moradores, destaca a professora de 53 anos, Erismar de Sousa Silva.
A professora aposentada Ana Alves de Oliveira Ribeiro de 64 anos relembrou que no bairro onde ela mora em Rurópolis algumas conquistas aconteceram com lutas e organização, como por exemplo, a construção de um poço para atender a comunidade que não tinha água tratada e a construção de uma rede de energia elétrica. Ana Alves ainda acrescentou a importância do MAB estar trabalhando em parceria com a CPT e Associações na luta pelos direitos das comunidades e que esse é um caminho que faz com que a luta fique cada vez mais forte.